OS CAMINHOS DOS SANTOS

Nessa primeira parte de " Os Caminhos dos Santos" poderão ser encontrados:
- SANTA GENOVEVA
-SANTA  LIDWINA
-SANTA  BERNADETTE
-SANTA MARIA  GORETTI
-SANTA BRIGIDA DE IRLANDA
-SANTA ENGRÁCIA
-SANTA MARIANA
-SANTA BEATRI-SANTA INÊS
-SANTA VIRGINIA
-SANTA CECÍLIA
-SANTA ZENAIDE
-SANTA GIANNA
-SANTA JOANA FRANCISCA DE CHANTAL
-SÃO BENTINHO
-SÃO BENTO DE ANIANO
-SANTO ALEXIS
-SANTO ALEIXO
-SÃO MELÉCIO
-SANTO ALEXIS
-SANTO ANTÃO
-SANTO AGOBARDO
-SANTO AGOSTINHO
-SÃO CRISTÓVÃO
-SANTO ALBERTO MAGNO


             
Na veneração que os parisienses dedicam à Santa Genoveva podemos reconhecer muitas afinidades com a que a França inteira tributa a  Santa Joana d'Arc. Nela, de fato, os parisienses não honram apenas uma Santa, entretida em preces e à contemplação das coisas divinas, mas, acima de tudo, admiram a heroína: isto é, a mulher que, transcendendo a própria índole feminina, soube, num momento critico para a própria cidade, assumir a responsabilidade e iniciativas, concitar a população a defesa da própria liberdade e, após verdadeiros e típicos atos de heroísmo, conseguir mudar o rumo dos acontecimentos.


A situação caótica em que se encontrava a França na época em que viveu Genoveva e a incerteza dos documentos históricos que chegaram até nós, não nos permitem, infelizmente, reconstruir as vicissitudes de sua vida com a mesma precisão que nos foi possível quanto àquelas de Joana d'Arc.
Genoveva viveu, de fato, num dos períodos mais obscuros da história da Europa, quando o Império Romano já agonizava, sob a pressão das invasões bárbaras,e os territórios que tinham sido sua flóridas províncias vinham mudando completamente sua constituição étnica e conformação política.

Naquela época, o território da Gália, que tinha sido uma das mais unitárias e civilizadas províncias romanas estava subdividido e fraccionado segundo as novas populações que tinham começado a ali infiltra-se, a partir do século III.
A população fiel à civilização romana e profundamente religiosa pertencia Genoveva,
Infelizmente, para narra a vida dessa Santa, devemos nos basear sobre uma " VITA GENOVERFAE", escrita 18 anos apos a sua morte. Mas as imprecisões de que esta biografia está repleta e as características estilísticas deixaram em dúvida, durante muitos anos, os estudiosos de veracidade desta data, tanto que alguns supõem que o esbolo tenha sido escrito cerca do século VIII, baseando-se numa tradição oral e, portanto, necessariamente, enriquecida pela fantasia popular.
Todavia, é bem certo que a Santa nasceu cerca d ano de 420 em Nannetodurum (a hodierna Nanterre). Assim que a menina aprendeu a ler, logo mergulhou na meditação das Sagradas Escrituras.



De acordo cm a tradição popular, a pia menina, não diversamente de Joana d'Arc, teria transcorrido sua infância vigiando rebanhos; mas, outra crença popular nos assegura que Genoveva era dada a muitos estudos de Astrologia.
A jovem havia atingido apenas os vinte anos, quando, em 400, chegou a Nanterre, Germano, bispo de Auxerre. Este devoto homem, que a seguir foi santificado pela Igreja, graças à obra de evangelização por ele realizada na Bretanha, aonde fora enviado pelo Papa Celestino a fim de conhecer a heresia pelágia, tendo sido informado da fé religiosa de Genoveva, quis conhece-la e tanta confiança nela depositou que recomendou aos seus pais que não a contrariassem, porque " aquela menina se tornaria grande perante Deus".


Foi, talvez, pelos conselhos de São Germano que Genoveva tomou  véu e, embora não se saiba exatamente em que ano ela tenha tomado tal decisão, é ainda certo que a jovem sóror se entregou a obras de caridade, " não tendo outros objetivos a não ser ir em encontro de seus irmãos cristãos".
À morte de seus pais, vamos encontrar Genoveva em Paris, junto a madrinha, e é em Paris que, segundo seu dedicado biógrafo, lhe ocorreu um primeiro episodio: atacada por forte paralisia, que a obrigava à mais absoluta imobilidade, uma noite Genoveva foi visitada, em sonho, por um anjo envolto em um nimbo de luz deslumbrante. A jovem lançou um grito e, despertando, encontrou-se curada.


E eis que, em 451, a Gália toda foi profundamente abalada pelas incursões dos Hunos. Orientada por Átila, que as populações cristãs, aterrorizadas, chamavam " o flagelo de Deus", a horda de bárbaros, vinda dos infindos desertos da Panônia, põe  a ferro e fogo as cidades, devasta os campos e pratica morticínio da população inermes e inocentes. Grande era a tentativa de fuga da população, porque era sabido que a horda asiática não pouparia ninguém.

 ÁTILA, "  FLAGELO DE DEUS"

Genoveva vivia então na colina que hoje tem o seu nome e que, nivelada pelos urbanistas, constitui o bairro de Saint- Germain, um dos mais característicos de Paris.
Foi sobre aquela colina e nas outras adjacentes que se reuniram os habitantes de Paris, tendo como única alternativa a fuga.
Mas Genoveva, tomada subitamente  por uma inspiração, foi ao encontro dos fugitivos e com voz firme revelou-lhes ter recebido uma advertência do céu.Deus permitira-lhe conhecer a direção que tomariam os Hunos; ela sabia, com exatidão, que eles poupariam Paris e seriam derrotados. 



Mas os sediciosos e covardes recusaram prestar fé à virgem e indispuseram-na com o povo, gritando em altos brados que Genoveva mentia, que era uma feiticeira, uma falsa profetiza, digna somente de ser apedrejada. Mas Deus protegia a sua predileta: naquele momento chegou, de fato, um diácono enviado por Germano de Auxerre, que intimou a população a obedecer a Santa, porque somente suas preces poderiam salvar a cidade.
A esperança que Genoveva dera aos parisienses revelou-se  fundada: pela primeira vez, durante seu avanço, os Hunos, ao entrarem em Orleans, estabeleceram-se entre Méry- sobre-o-Sena e Chalôns-sobre-o-Marne, para ali aguardarem o choque do exército firmado pelos Francos, pelos Visigodos e pelos Burgúndios chefiados pelo general imperial Aécio. E ali, na Campanha, travou-se grande batalha conhecida como " Batalha dos Campos Catalúnicos", que se transformou numa autêntica derrota de Átila, que se refugiu na Alemanha.


Quando Paris foi invadida por Meroveu, o pagão, Genoveva se distinguiu pela sua coragem. A cidade já estava sitiada já algum tempo e estava diante do perigo de morrer de inanição. Genoveva tomou de um barco com apenas dois marujos e foi procurar mantimentos para sua gente. No meio do rio Sena, havia  uma árvore que impedia a passagem de navegantes e sempre provocava acidentes. Genoveva  começou a rezar e ordenou a árvore que caísse. Esta obedeceu a Santa e logo se viu saírem de dentro dela dois demônios. Genoveva conseguiu alcançar Arcis-sur- Aube e Troyes e regressou a Paris carregada de mantimentos, sem que Meroveu, comovido pela sua coragem, ousasse impedi-la. Quando Paris capitulou, o primeiro cuidado de Meroveu foi ir prestar homenagem a Genoveva.

Apos a morte de Meroveu, sucedeu-lhe Childerico, pagão e bárbaro. Ele levou alguns prisioneiros de guerra com intenção de matá-los e quando Genoveva soube disso, apresentou-se às portas da cidade, que abriram milagrosamente para deixá-la passar. Atônito diante disso, o pagão libertou os prisioneiros.
Conta-se que ela foi amiga e conselheira de Clotilde, esposa do rei Clodoveu e que aos conselhos de Genoveva se deve a conversão ao Catolicismo da rainha franca a qual, graças à sua obra de evangelização entre os Francos, foi mais tarde santificada pela Igreja. Clodoveu foi o primeiro rei franco a se converter a Cristianismo.

                                                      REI DOS FRANCOS, CLODOVEU OU CLÓVIS I


Genoveva morreu no ano de 512, com a idade de 92 anos. Desejou transcorrer seus últimos momentos num escrupuloso exame de consciência julgando que " é dificil realizar uma viagem tão longa pela terra, sem recolher um pouco de pó".
Seu corpo foi sepultado na cripta de São Pedro e São Paulo, sob  mausoléu de Clodoveu e frequentemente, no decorrer da historia, o cofre que contem os seus restos mortais foi levado em procissão pelas ruas de Paris, toda a vez que a fé dos franceses foi ameaçada pelas guerras e pelas invasões hereges.
Em 1803, o túmulo de Santa Genoveva foi transferido para a Igreja de Saint- Étienne du Mont, onde ela é festejada, com especial devoção no dia 03 de janeiro.
RELICÁRIO ONDE SE ENCONTRAM OS RESTOS MORTAIS DE SANTA GENOVEVA, NA FRANÇA!






Lidvina ou Liduína, ou Ludovina como costuma ser chamada, nasceu em Schiedan, Holanda, em  18 de março de1380, numa família humilde e caridosa, muito pobre mas riquissima na religiosidade e honestissima. Lidwina era muito vivaz; desde criança lhe notavam o cunho de profunda religiosidade e uma admirável devoção a Maria Santissima. Sendo belíssima, antes dos 15 anos recebeu muitas propostas de casamento, mas por amor a Jesus, recusou a todas para ser fiel a Deus. Ela descobriu o dom da virgindade, decidindo-se pelo celibato muito cedo.

Ainda, muito criança recolhia alimentos e roupas para os pobres, pois se preocupava com os que sofriam.
No dia 02 de fevereiro de 1395, festa de Nossa Senhora das Candeias, acedendo ao convite das companheiras, dirigiu-se a local de patinação, divertimento muito apreciado na região. Ali sofreu um acidente no gelo, fraturando uma das costelas, a coluna vertebral partida e com lesões internas. O tratamento médico, muito doloroso, não conseguiu aliviar seu sofrimento e com apenas 15 anos ficou praticamente paralisada. Ficou deitada em uma cama, de onde nunca mais saiu!

Depois do trágico acidente, apareceram mais complicações e outras doenças numa sequencia muito rápida.
Apesar dos esforços, os médicos declararam que sua enfermidade não tinha cura e que  tratamento seria inútil só empobrecendo ainda mais a familia.

E não faltava quem atribuísse seu estado à influência diabólica. Ludovina deu a mesma resposta que Jesus deu no alto da cruz: a do amor e do perdão.


     Talvez o pior de todos os seus sofrimentos foi a perseguição que sofreu de alguns membros do clero que negavam-lhe os sacramentos. Um padre caluniou-a. Profeticamente, a Santa advertiu-o de sua morte iminente e disse que se ele não se arrependesse de seu hábito de roubar e não fizesse a restituição adequada, ele seria condenado. Ele "morreu com espuma em seus lábios num acesso de raiva contra a Santa".

     Pela paciência angélica e heroica alcançou a conversão de não poucos pecadores que, impressionados pelos sofrimentos dela e por sua admirável conformidade, abandonaram o vício e voltaram à graça de Deus.
     Pela paciência angélica e heroica alcançou a conversão de não poucos pecadores que, impressionados pelos sofrimentos dela e por sua admirável conformidade, abandonaram o vício e voltaram à graça de Deus.


     Ludovina vivia frequentemente em êxtase e teve visões celestes. Seu Anjo da Guarda com frequência a visitava e a confortava, mostrando-lhe as delícias do céu e os horrores do inferno. Jesus Cristo e Maria Santíssima também se dignaram aparecer para ela. Se pudesse ter terminado com seu sofrimento através de uma única oração, ela não o teria feito.


Os anos se passavam e Liduína não melhorava, nem morria. 


     Sua casa era visitada por pessoas vindas das cidades vizinhas, atraídas pelas notícias dos milagres. Depois vieram de Rotterdam, das Flandres, da Alemanha e por fim, da Inglaterra. Todos vinham vê-la, porque ela era o milagre! Ludovina a todos acolhia: escutava, falava, sofria, aconselhava e eles deixavam sua casa como que saindo de uma festa. E ela sem cessar oferecia a Deus suas dores para alcançar a conversão dos pecadores e o alívio das almas do purgatório.

Ficou a um passo do desespero total, quando chegou em seu socorro o padre João Pot, pároco da igreja. 
Com conversas serenas, o sacerdote recordou a ela que:
 "Deus só poda a árvore que mais gosta, para que produza mais frutos; e aos filhos que mais ama, mais os deixa sofrer".
 E pendurou na frente da sua cama um crucifixo. 
Pediu que olhasse para ele e refletisse: se Jesus sofreu tanto, foi porque o sofrimento leva à glória da vida eterna.
Liduína entendeu que sua situação não foi uma fatalidade sem sentido, ao contrário, foi uma benção dada pelo Senhor.
Do seu leito, podia colaborar com a redenção, ofertando seu martírio para a salvação das almas. 

E disse ao padre que gostaria de receber um sinal que confirmasse ser esse o seu caminho. E ela o obteve, naquela mesma hora. Na sua fronte apareceu uma resplandecente hóstia eucarística, vista por todos, inclusive pelo padre Pot.

A partir daquele momento, Liduína nunca mais pediu que Deus lhe aliviasse os sofrimentos; pedia, sim, que lhe desse amor para sofrer pela conversão dos pecadores e pela salvação das almas.

 Do seu leito de enferma ela recebeu de Deus o dom da profecia e da cura pela oração aos enfermos. 

Após doze anos de enfermidade, também começou a ter êxtases espirituais, recebendo mensagens de Deus e da Virgem Maria. 
Em 1421, as autoridades civis publicaram um documento atestando que nos últimos sete anos Liduína só se alimentava da sagrada eucaristia e das orações. 
Sua enfermidade a impossibilitava de comer e de beber, e nada podia explicar tal prodígio. 

Nos últimos sete meses de vida, seu sofrimento foi terrível.

 Ficou reduzida a uma sombra e uma voz que rezava incessantemente. 
No dia 14 de abril de 1433, após a Páscoa, Liduína morreu serena e em paz. 


Ao padre e ao médico que a assistiam, pediu que fizessem de sua casa um hospital para os pobres com doenças incuráveis. E assim foi feito. 

Em 1890, o papa Leão XII elevou santa Liduína ao altar e autorizou o seu culto para o dia da sua morte. 

A igreja de Schiedan, construída em sua homenagem, tornou-se um santuário, muito procurado pelos devotos que a consideram padroeira dos doentes incuráveis.




"Quando as vagas da tristeza submergem vosso coração, em lugar de desesperardes procurai a misericórdia de Deus, como a criança procura o seio materno."
Palavras de Santa Liduína









Filha de um pobre moleiro chamado Francisco Soubirous e de Luísa Castèrot, Bernadette foi a primeira de nove filhos. Na sua infância  humilde  trabalhou como pastora e criada doméstica. O pai esteve preso sob a acusação de furto de farinha, contudo foi absolvido.



Durante os dez primeiros anos viveu no moinho de Boly, no mesmo lugar  onde nasceu. Depois, passando por graves dificuldades financeiras, a família muda-se para Lourdes onde vive em condições de miséria, morando no prédio da antiga cadeia municipal que fora abandonado pouco tempo antes. Apesar de parecer insalubre, moravam no andar superior do edifício, o do primo de Francisco Soubirous, pai de Bernadette, junto à sua mulher e seus filhos. Era um buraco infecto e sombrio, a divisão inabitável da antiga prisão abandonada por causa da insalubridade.
Desde pequena, Bernadete teve a saúde debilitada devido à extrema pobreza de sua habitação. Nos primeiros anos de vida foi acometida pelo cólera, o que a deixou extremamente enfraquecida . Em seguida, por causa também do clima frio no inverno, adquiriu  bronquite asmática aos dez anos. Tinha dificuldades de aprendizagem e na catequese, o que fez com que a sua primeira comunhão fosse atrasada. Não pôde frequentar a escola e até os quatorze anos manteve-se absolutamente analfabeta.
Em Lourdes, uma cidade com população em torno de quatro mil habitantes, no dia 11 de fevereiro de 1858, Bernadete disse ter visto uma aparição de Nossa Senhora numa gruta denominada "massabielle", o que significa, no dialeto birgudão local - "pedra velha" ou "rocha velha" - junto à margem do rio Gave, aparição que de outra vez se lhe apresentou como sendo a  Imaculada Conceição.

Enquanto o assunto era submetido ao exame da hierarquia eclesiástica que se comportava com cética prudência, curas cientificamente inexplicáveis foram verificadas na gruta de "massabielle". Em 25 de fevereiro de 1858, na presença de uma multidão, por ocasião de uma das suas visões, surgiu sob as mãos de Bernadete uma fonte que jorra água até os  atuais no volume de cinco mil litros por dia.
De acordo com o pároco da cidade, padre Dominique, que bem a conhecia, era impossível que Bernadete soubesse ou pudesse ter o conhecimento do que significava o dogma da "Imaculada Conceição", então recentemente promulgado pelo Papa. Afirmou ter tido dezoito visões da Virgem Maria no mesmo local entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858.

Afirmou e defendeu a autenticidade das aparições com um denodo e uma firmeza incomuns para uma adolescente da sua idade com o seu temperamento humilde e obediente, nível de instrução e nível sócio-econômico, contra a opinião geral de todos na localidade: sua família, o clero e autoridades públicas. Pelas autoridades civis foi submetida a métodos de interrogatórios, constrangimentos e intimidações que seriam inadmissíveis nos dias de hoje. Não obstante, nunca vacilou em afirmar com toda a convicção a autenticidade das aparições, o que fez até a sua morte.
Para fugir à curiosidade geral, Bernadete refugiou-se como "pensionista indigente" no Hospital das Irmãs da Caridade de Nevers em Lourdes (1860). Ali recebe instrução e, em 1861, faz de próprio punho o primeiro relato escrito das aparições. No dia 18 de janeiro de 1862, Monsenhor Bertrand Sévère Laurence, Bispo de Tarbes, reconhece pública e oficialmente a realidade do fato das aparições.

Em julho de 1866 Bernadette inicia o seu noviciado no convento de Saint-Gildard e, em 30 de outubro de  1867,  faz a profissão de religiosa da Congregação das  Irmãs da Caridade de Nevers. Dedicou-se à enfermagem até ser imobilizada, em 1878, pela doença que lhe causou a morte.
Uma imensa multidão assistiu ao seu funeral no dia  19 de abril  de  1879 que foi necessário ser adiado por causa da grande afluência de gente, totalmente inesperada. Em 20 de agosto de  1908, Monsenhor Gauthey, bispo deNevers, constitui um tribunal eclesiástico para investigar "o caso Bernadette Soubirous".
Em virtude das supostas manifestações divinas nos arredores da cidade, uma relativamente grande massa peregrinatória se forma em direção à gruta, estimulados pelos rumores de curas miraculosas por intermédio da água de uma certa fonte que brotara há pouco no exato local onde a "Senhora de Lourdes" teria aparecido. A pedido do comissário Jacomet da polícia de Lourdes, o prefeito da cidade Alexis Lacadé toma a decisão de proibir, a partir de 8 de junho de 1858, o acesso à  gruta.. No mês de setembro de 1858 o Imperador Napoleão III e a Imperatriz Eugênia estão em Biarritz. A Imperatriz está bem informada dos acontecimentos ocorridos em Lourdes e o imperador decide pedir explicações ao arcebispo de Auch, metropolitano de Tarbes e Lourdes. Depois, determina ao ministro de Cultos que "deseja que o acesso à gruta fique livre, como também o uso da água do manancial." No dia 2 de outubro levanta-se a proibição de acesso à Gruta de Massabielle. Lourdes, rapidamente, tornou-se um dos mais importantes centros de peregrinação da cristandade.
CORPO INCORRUPTO

-Relatório dos Drs David e Jordan, que conduziram esta primeira exumação
“O caixão foi aberto na presença do Bispo e do Prefeito de Nevers, seus principais representantes e diversos religiosos. Não notamos nenhum odor. O corpo estava vestido com o Hábito da Ordem a que pertencia Bernadette. O Hábito estava úmido. Apenas a face, mãos e antebraços estavam descobertos." "A cabeça estava inclinada para a esquerda. A face estava lânguida e branca. A pele estava apegada aos músculos e estes apegados aos ossos. As cavidades oculares estavam cobertas pelas pálpebras[...] Nariz dilatado e enrugado. Boca levemente aberta e se podia ver os dentes no lugar. As mãos, cruzadas sobre o peito, estavam perfeitamente preservadas, bem como suas unhas. As mãos seguravam um terço. Podia se observar as veias no antebraço." "Os pés estavam enrugados e as unhas intactas Quando o Hábito foi removido e o véu levantado de sua cabeça, pode se observar um corpo rígido, pele esticada[...] Seu cabelo estava com um corte curto e bem preso à cabeça. As orelhas estavam em perfeito estado de conservação[...] O abdome estava esticado, assim como o resto do corpo. Ao ser tocado, tinha um som como de papelão. O joelho direito estava mais largo que o esquerdo. As costelas e músculos se observavam sob a pele[...] "O corpo estava tão rígido que podia ser virado para um lado e para o outro[...]" Em testemunho de que temos corretamente escrito esta presente declaração, a qual representa a verdade em sua totalidade.


Nevers, 22 de setembro de 1909, Drs. Ch. David, A. Jourdan.”
Em 23 de outubro de  1909 é aberto o processo ordinário na Sagrada Congregação de Ritos, em 13 de agosto de  1913 segue-se o processo apostólico sob o controle direto da Santa Sé.
Dez anos depois da primeira exumação, em 1919, houve uma nova exumação do corpo de Santa Bernadette, conduzida pelos Doutores Talon e Comte, com a presença do Bispo da cidade de Nevers, bem como do Comissário de Polícia e representantes da municipalidade e da igreja. A situação encontrada foi exatamente a mesma da primeira exumação.
Parte do relatório do Dr. Comte, sobre esta segunda exumação:
“Deste exame, concluo que permanece intacto o corpo da Venerável Bernadette, esqueleto completo, músculos atrofiados, mas bem preservados; apenas a pele, que estava enrugada, pelos efeitos da umidade do caixão.[...] O corpo não estava em putrefação nem decomposição, o que seria esperado como normal, após quarenta anos de seu sepultamento."
Nevers, 3 de abril de 1919, Dr. Comte
A 18 de novembro de 1923 o Papa Pio XI assina o decreto que reconhece a heroicidade das virtudes de Bernadette.
Uma terceira exumação foi efetuada em 12 de Junho de  1925, para a retirada das “Relíquias”, logo após sua beatificação. A canonização viria oito anos mais tarde, em 1933. Sobre esta última exumação, escreveu o Dr. Comte em seu relatório:
“Eu queria abrir o lado esquerdo do tórax para retirar algumas costelas e então remover o coração, o qual eu tinha certeza que estaria intacto. Porém, como o tronco estava levemente apoiado no braço esquerdo, haveria dificuldade em ter acesso ao coração. Como a Madre Superiora expressou o desejo de que o coração de Santa Bernadette não fosse retirado, bem como também este era o desejo do Bispo, mudei de ideia de abrir o lado esquerdo do tórax e apenas retirei duas costelas do lado direito, que estavam mais acessíveis. O que mais me impressionou durante esta exumação foi o perfeito estado de conservação do esqueleto, tecidos fibrosos, musculatura flexível e firme, ligamentos e pele após quarenta e seis anos de sua morte. Após tanto tempo, qualquer organismo morto tenderia a desintegra-se, a se decompor e adquirir uma consistência calcária. Contudo, ao cortar, eu percebi uma consistência quase normal e macia. Naquele momento, eu fiz esta observação a todos os presentes de que eu não via aquilo como um fenômeno natural.”
Uma urna de cristal foi confeccionada para guardar o corpo de Santa Bernadette. As freiras cobriram seu rosto e as mãos com uma camada fina de cera e, desse jeito, foi colocada dentro da urna. Esta urna com seu corpo ainda incorruptível encontra-se desde 3 de agosto de 1925 na Igreja de Saint Gildard, em Nevers, França. As Irmãs de Nevers não enclausuraram sua urna, estando livre para visitação e encorajam os visitantes a se aprofundarem mais no estudo do exemplo de vida e mensagens deixadas pela Irmã Santa.


DECLARAÇÃO DE BERNADETTE

O documento mais significativo acerca das aparições e da própria Bernadette, é uma carta datada de 1862, onde Bernadette relata com clareza todo o ocorrido durante as dezoito visões. Somente parte da carta está disponível ao acesso público:
-
Eu tinha ido com duas outras meninas na margem do rio Gave quando eu ouvi um som de sussurro. Olhei para as árvores e elas estavam paradas e o ruído não era delas. Então eu olhei e vi uma caverna e uma senhora vestindo um lindo vestido branco com um cinto brilhante. No topo de cada pé havia uma rosa pálida da mesma cor das contas do rosário que ela segurava. Eu queria fazer o sinal da cruz, mas eu não conseguia e minha mão ficava para baixo. Aí a senhora fez o sinal da cruz ela mesma e na segunda tentativa eu consegui fazer o sinal da cruz embora minhas mãos tremessem. Então eu comecei a dizer o rosário enquanto ela movia as contas com os dedos sem mover os lábios". Quando eu terminei a Ave-Maria, ela desapareceu.
Eu perguntei às minhas duas companheiras se elas haviam notado algo e elas responderam que não haviam visto nada. Naturalmente elas queriam saber o que eu estava fazendo e eu disse a elas que tinha visto uma senhora com um lindo vestido branco, embora eu não soubesse quem era. Disse a elas para não dizer nada sobre o assunto porque iriam dizer que era coisa de criança. Voltei no domingo ao mesmo lugar sentindo que era chamada ali. Na terceira vez que fui, a senhora reapareceu e falou comigo e me pediu para retornar todos os próximos 15 dias. Eu disse que viria e então ela disse para dizer aos padres para fazerem uma capela ali. Ela me disse também para tomar a água da fonte. Eu fui ao rio que era a única água que podia ver. Ela me fez realizar que não falava do rio Gave e sim de um pequeno fio d’água perto da caverna. Eu coloquei minhas mãos em concha e tentei pegar um pouco do líquido sem sucesso. Aí comecei a cavar com as mãos o chão para encontrar mais água e na quarta tentativa encontrei água suficiente para beber. A senhora desapareceu e fui para casa. Voltei todos os dias durante 15 dias e cada vez, exceto em uma Segunda e uma Sexta, a Senhora apareceu e disse-me para olhar para a fonte e lavar-me nela e ver se os padres poderiam fazer uma capela ali. Disse ainda que eu deveria orar pela conversão dos pecadores. Perguntei a ela, várias vezes, o que queria dizer com isto, mas ela somente sorria. Uma vez finalmente, com os braços para frente, ela olhou para o céu e disse-me que era a Imaculada Conceição. Durante 15 dias ela me disse três segredos que não era para revelar a ninguém e até hoje não os revelei.













Maria nasceu em 16 de outubro de 1890, em Corinaldo, província de Ancona, Itália. Filha de Luigi Goretti e Assunta Carlini, terceira de sete filhos de uma família pobre de bens terrenos mas rica em fé e virtudes, cultivadas por meio da oração em comum, terço todos os dias e aos domingos Missa e sagrada Comunhão. No dia seguinte a seu nascimento, foi batizada e consagrada à Virgem. Aos seis anos recebeu o sacramento da Confirmação.



Depois do nascimento de seu quarto filho, Luigi Goretti, pela dura crise econômica que enfrentava, decidiu emigrar com sua família às grandes planícies dos campos romanos, ainda insalubres naquela época.





Instalou-se em Ferriere di Conca, colocando-se a serviço do conde Mazzoleni, neste lugar Maria mostra claramente uma inteligência e uma maturidade precoce, onde não existia nenhum pingo de capricho, nem de desobediência, nem de mentira. É realmente o anjo da família.





Após um ano de trabalho esgotante, Luigi contraiu uma doença fulminante, a malária, que o levou à morte depois de padecer por dez dias. Como conseqência da morte de Luigi, Assunta teve que trabalhar deixando a casa a cargo dos irmãos mais velhos. Maria frequentemente chorava a morte de seu pai, e aproveita qualquer ocasião para ajoelhar-se diante de sua tumba, para elevar a Deus suas preces para que seu pai goze da glória divina.
Junto com a tarefa de cuidar de seus irmãos menores, Maria seguia rezando e assistindo a seu curso de catecismo. Posteriormente, sua mãe contará que o terço lhe era necessário e, de fato, o levava sempre enrolado em volta do pulso. Assim como a contemplação do crucifixo, que foi para Maria uma fonte onde se nutria de um intenso amor de Deus e de um profundo horror pelo pecado.







Maria desde muito pequena ansiava receber a Sagrada Eucaristia. Segundo era costume na época, deveria esperar até os onze anos, mas um dia perguntou a sua mãe: -Mamãe, quando tomarei a Comunhão?. Quero Jesus. –Como vai tomá-la, se não sabes o catecismo? Além disso, não sabes ler, não temos dinheiro para comprar o vestido, os sapatos e o véu, e não temos nem um momento livre. –Pois assim nunca tomarei a Comunhão, mamãe! E eu não posso estar sem Jesus! -E, o que queres que eu faça? Não posso deixar que comungues como uma pequena ignorante.







Diante destas condições, Maria começou a se preparar com ajuda de uma pessoa do lugar, e todo o povo a ajudar dando-lhe a roupa da comunhão. Desta maneira, recebeu a Eucaristia em 29 de maio de 1902.
A comunhão constante acrescenta nela o amor pela pureza e a anima a tomar a resolução de conservar essa angélica virtude a todo custo. Um dia, após ter escutado um intercâmbio de frases desonestas entre um rapaz e uma de suas companheiras, diz com indignação à sua mãe -Mamãe, que mal havia essa menina! -Procura não tomar parte nunca nestas conversações – Não quero nem pensar, mamãe; antes que fazê-lo, preferiria...E a palavra morrer fica entre seus lábios. Um mês depois, ocorre o que ela sentenciou.
Ao entrar a serviço do conde Mazzoleni, Luigi Goretti havia se associado com Giovanni Serenelli e seu filho Alessandro. As duas famílias vivem em quartos separados, mas a cozinha é comum. Luigi se arrependeu em seguida daquela união com Giovanni Serenelli, pessoa muito diferente dos seus, bebedor e carente de discrição em suas palavras.
Depois da morte de Luigi, Assunta e seus filhos haviam caído sob o jugo despótico dos Serenelli, Maria, que compreendeu a situação, esforça-se para apoiar sua mãe:
-Ânimo, mamãe, não tenhas medo, que já estamos crescendo. Basta com que o Senhor nos conceda saúde. A Providência nos ajudará. Lutaremos e seguiremos lutando!
Desde a morte de seu marido, Assunta sempre esteve no campo e nem sequer tem tempo de ocupar-se da casa, nem da instrução religiosa dos mais pequenos. 


Maria se encarrega de tudo, na medida do possível. Durante as refeições, não se senta à mesa até que todos estejam servidos, e para ela serve as sobras. Sua obsequiosidade se estende igualmente aos Serenelli. Por sua vez, Giovanni, cuja esposa havia falecido no hospital psiquiátrico de Ancona, não se preocupa em nada com seu filho Alessandro, jovem robusto de dezenove anos, grosseiro e vicioso, que gostava de cobrir seu quarto com imagens obscenas e ler livros indecentes. Em seu leito de morte, Luigi Goretti havia pressentido o perigo que a companhia dos Serenelli representava para seus filhos, e havia repetido sem cessar à sua esposa:-Assunta, volte para Corinaldo! Infelizmente Assunta está endividada e comprometida por um contrato de arrendamento.

Depois de ter maior contato com a família Goretti, Alessandro começou a fazer proposições desonestas à inocente Maria, que em um princípio não compreende. 
Mais tarde, ao adivinhar as intenções perversas do rapaz, a jovem está sobre aviso e rejeita a adulação e as ameaças. Suplica à sua mãe que não deixe sozinha na casa, mas não se atreve a explicar-lhe claramente as causas de seu pânico, pois Alessandro a havia ameaçado –Se contar algo a tua mãe, te mato. Seu único recurso é a oração. Na véspera de sua morte, Maria pede novamente chorando à sua mãe que não a deixe sozinha, mas, ao não receber mais explicações, esta o considera um capricho e não dá nenhuma importância àquela reiterada súplica.
No dia 5 de julho, a uns quarenta metros da casa, estão debulhando as favas na terra. Alessandro leva um carro puxado por bois. O faz girar uma e outra vez sobre as favas estendidas no chão. Às três da tarde, no momento em que Maria se encontra sozinha em casa, Alessandro diz:
-"Assunta, quer fazer o favor de levar um momento os bois para mim?" Sem suspeitar nada, a mulher o faz, Maria, sentada na soleira da cozinha, remenda uma camisa que Alessandro lhe entregou depois de comer, enquanto vigia sua irmãzinha Teresinha, que dorme a seu lado.
-"Maria!, grita Alessandro. -Quer queres? -Quero que me sigas. -Para quê? –segue-me!
-Se não me dizes o que queres, não te sigo".
Perante a resistência, o rapaz a agarra violentamente pelo braço e a arrasta até a cozinha, trancando a porta. A menina grita, o ruído não chega ao lado de fora. Ao não conseguir que a vítima se submeta, Alessandro a amordaça e esgrime um punhal. Maria põe-se a tremer, mas não sucumbe. 





Furioso, o jovem tenta com violência arrancar-lhe a roupa, mas Maria se desata da mordaça e grita:
-Não faças isso, que é pecado... Irás para o inferno.
Pouco cuidadoso com o juízo de Deus, o desgraçado levanta a arma:
-Se não deixar, te mato.
Frente àquela resistência, a atravessa com facadas. A menina se põe a gritar:
-Meu Deus! Mamãe!, e cai no chão.
Pensando que estava morta, o assassino atira a faca e abre a porta para fugir, mas ao escutá-la gemer de novo, volta sobre seus passos, pega a arma e a atravessa outra vez de parte a parte; depois, sobe e se tranca em seu quarto.







Maria recebeu catorze feridas graves e ficou inconsciente. Ao recobrar a consciência, chama o senhor Serenelli: Giovanni! Alessandro me matou... Venha. Quase ao mesmo tempo, despertada pelo ruído, Teresinha lança um grito estridente, que sua mãe escuta. Assustada, diz a seu filho Mariano: -Corre a buscar a Maria; diga-lhe que Teresinha a chama.
Naquele momento, Giovanni Serenelli sobe as escadas e, ao ver o horrível espetáculo que se apresenta diante seus olhos, exclama: -Assunta, e tu também, Mário, vem!. Mario Cimarelli, um trabalhador da granja, sobe as escadas à toda pressa. A mãe chega também: -Mamãe!, geme Maria. -É Alessandro, que queria me fazer mal! Chamam o médico e os guardas, que chegam a tempo para impedir que os vizinhos, muito exaltados, matassem Alessandro no ato.






Ao chegar ao hospital, os médicos se surpreenderam de que a menina ainda não havia sucumbido a seus ferimentos, pois alcançou o pericárdio, o coração, o pulmão esquerdo, o diafragma e o intestino. Ao diagnosticar que não tem cura, chamaram o capelão. Maria se confessa com toda clareza. Em seguida, durante duas horas, os médicos cuidaram dela sem adormecê-la.
Maria não se lamenta, e não deixa de rezar e de oferecer seus sofrimentos à santíssima Virgem, Mãe das Dores. Sua mãe conseguiu que lhe permitam permanecer à cabeceira da cama. Maria ainda tem forças para consolá-la : -Mamãe, querida mamãe, agora estou bem... Como estão meus irmãos e irmãs?
Em um momento, Maria diz à sua mãe: -Mamãe, dê-me uma gota de água. –Minha pobre Maria, o médico não quer, porque seria pior para ti. Estranhada, Maria continua dizendo:
-Como é possível que não possa beber nem uma gota de água? Em seguida, dirige o olhar sobre Jesus crucificado, que também havia dito Tenho sede!, e entendeu.
O sacerdote também está a seu lado, assistindo-a paternalmente. No momento de lhe dar a Sagrada Comunhão, perguntou-lhe: -Maria, perdoa de todo coração teu assassino? Ela respondeu: -Sim, perdôo pelo amor de Jesus, e quero que ele também venha comigo ao paraíso. Quero que esteja a meu lado... Que Deus o perdoe, porque eu já o perdoei.






Passando por momentos análogos pelos quais passou o Senhor Jesus na Cruz, Maria recebeu a Eucaristia e a Extrema unção, serena, tranqüila, humilde no heroísmo de sua vitória.
Depois de breves momentos, escutam-na dizer: "Papai". Finalmente, Maria entra na glória da Comunhão com Deus amor. É o dia 6 de julho de 1902, às três horas da tardes.
A conversão de Alessandro
No julgamento, Alessandro, aconselhado por seu advogado, confessou: -"Gostava dela. A provoquei duas vezes ao mal, mas não pude conseguir nada. Despeitado, preparei o punhal que devia utilizar". Por isso, foi condenado a 30 anos de trabalhos forçados.








 Aparentava não sentir nenhum arrependimento do crime tanto assim que às vezes o escutavam gritar:
-"Aníma-te, Serenelli, dentro de vinte e nove anos e seis meses serás um burguês!". Entretanto, alguns anos mais tarde, Dom Blandini, Bispo da diocese onde está a prisão, decide visitar o assassino para encaminhá-lo ao arrependimento. -"Está perdendo o tempo, monsenhor -afirma o carcereiro-, ele é um duro!"

Alessandro recebeu o bispo resmungando, mas perante a lembrança de Maria, de seu heróico perdão, da bondade e da misericórdia infinita de Deus, deixa-se alcançar pela graça. Depois do Prelado sair, chora na solidão da cela, perante a estupefação dos carcereiro.





Depois de ter um sonho onde Maria lhe apareceu, vestida de branco nos jardins do paraíso, Alessandro, muito questionado, escreveu a Dom Blandino: "Lamento pelo crime que cometi porque sou consciente de ter tirado a vida de uma pobre menina inocente que, até o último momento, quis salvar sua honra, sacrificando-se antes de ceder a minha criminal vontade. Peço perdão a Deus publicamente, e à pobre família, pelo enorme crime que cometi. Confio obter também eu o perdão, como tantos outros na terra". Seu sincero arrependimento e sua boa conduta na prisão lhe devolvem a liberdade quatro anos antes da expiração da pena. Depois, ocupará o posto de hortelão em um convento de capuchinhos, mostrando uma conduta exemplar, e será admitido na ordem terceira de São Francisco.





Graças à sua boa disposição, Alessandro foi chamado com testemunha no processo de beatificação de Maria. Foi algo muito delicado e penoso para ele, mas confessou: "Devo reparação, e devo fazer tudo o que esteja a meu alcance para sua glorificação. Toda a culpa é minha. Deixei-me levar pela brutal paixão. Ela é uma santa, uma verdadeira mártir. É uma das primeiras no paraíso, depois do que teve que sofrer por minha causa".





No Natal de 1937, Alessandro dirigiu-se a Corinaldo, lugar onde Assunta Goretti havia se retirado com seus filhos. E vai simplesmente para fazer reparação e pedir perdão à mãe de sua vítima. Nada mais chegar diante dela, pergunta-lhe chorando. -"Assunta, pode me perdoar? -Se Maria te perdoou -balbucia-, como eu não vou te perdoar?"







 No mesmo dia de Natal, os habitantes de Corinaldo ficam surpresos e emocionados ao ver aproximar-se à mesa da Eucaristia, um ao lado do outro, Alessandro e Assunta.







                             



Foi uma religiosa católica irlandesa ( 453- 524), freira, abadessa e fundadora de diversos conventos,
Uma das padroeiras da Irlanda, ao lado de São Patrício e São Columba.
Nasceu na Irlanda, em Faughart.
Segundo alguns historiadores, seus pais eram Dubhthach, pagão de Leinster e Brocca, sua mãe, uma cristã de Pictos que havia sido batizada por São Patrício.




Brígida recebeu o mesmo nome de uma das mais poderosas deusas da religião pagã, praticada pelo seu pai. Era a deusa do Fogo, que incentivava o conhecimento da Música, Artesanato e Poesia.
Ela se converteu ao Cristianismo em 468, mas se inspirou em São Patrício desde criança. Seu pai não queria que ela entrasse para a vida religiosa e isso a deixava muito triste. Era muito piedosa.
Sua caridade deixava o seu pai muito irritado. Ele não gostava quando ela distribuía alimentos para os pobres.


                                                   Catedral de Kildare

Quando ela deu uma de suas jóias para um leproso, seu pai achou melhor ela ir viver no convento, onde recebeu o véu de Santo Mel.Segundo alguns historiadores, ela recebeu o véu de São Macaille, em Grohan. Ela foi ensinada por São Mel de Armagh.
Após se instalar com outras sete mulheres no sopé da Colina de Grohan, Brígida seguiu São Mel para Heath em 468, mas em 470 ela fundou a Abadia de Cill- Dara em Kildare, um duplo mosteiro, com freiras e monges. Acredita-se que ela tenha fundado um convento em Clara, condado de Offaly, sua primeira fundação.
Ela morreu em Kildare,  em 25/fevereiro/525, aos 71 anos e foi enterrada em sua Abadia. Anos depois foi transportada para Downpatrick com os restos mortais de dois outra padroeiros da Irlanda.
A sua túnica foi dada a Gunhilda, irmã do Rei Harold II e estaria no Santuário.
Seu crânio foi extraído e levado para a Igreja de São João Batista, de Lisboa, onde está até hoje. Ela é conhecida na Irlanda como " Maria do Gael".
Na Bélgica existe uma capela dedicada a Santa Brigida, em Fosses-la-Ville.
Dizem que ela é padroeira dos: bebês, gado,  avicultura,agricultores, crianças, filhos de pais solteiros, recém-nascidos, freiras, poetas, marinheiros e estudiosos.

 Na arte litúrgica ela é representada de muitas maneiras:
- com uma vaca ao seu lado
-segurando uma cruz
-expulsando um demônio.
Seu emblema é uma vela acesa. As vezes é mostrada com uma chama como véu ou perto de um celeiro, ou  um curral ou restaurando a mão de um homem!
Sua festa:  01 de Fevereiro

                             SANTA  ENGRÁCIA




16 de Abril
Corria o ano de 303 D.C.

Oteomero, de uma distinta família romana tinha sido governador de Braga e era actualmente Senador, gozava da sua alta posição e da sua imensa fortuna. Tinha uma única filha, Engrácia, que era formosíssima. Mas tão singela e tão modesta, fugindo do luxo e dos divertimentos pagãos que seu pai andava preocupado querendo adivinhar a razão de Engrácia não se parecer com as raparigas da sua posição. Pensava no casamento da sua filha, via nela o futuro da sua casa e resolveu mandá-la à Gália, preparando-lhe ali o enlace com um jovem general romano. Mas como são diferentes os caminhos de Deus...

Numa tarde de Outono, o pai e a filha encontravam-se passeando nos magníficos jardins do palácio, a atmosfera estava impregnada do perfume das flores e os cachos maduros penduravam-se nas grades de bronze dourado. Oteomero sentou-se junto de uma fonte e chamando a filha começou a falar-lhe no assunto que tanto o interessava. Sentia-se velho, e não queria morrer sem deixar um herdeiro à sua casa, mas... a resposta de Engrácia admirou-o.














– Minha filha a tua linguagem é a dos cristãos escravos de uma cruel divindade à qual sacrificam tudo.

– Não meu pai, o Deus dos cristãos não é um tirano, é um salvador amabilíssimo que morreu na cruz para salvar os homens, feitos à sua imagem e semelhança, quando pecam, estende-lhes os braços oferecendo-lhes a sua misericórdia e ensinando-lhes o arrependimento, como compará-los aos vossos Deuses?
Oteomero estava indignado com aquela linguagem, mas não querendo afligir a filha que era todo o seu enlevo, disse-lhe:


– Engrácia, sê condescendente com o teu pai. Conheci em Barcelona, Endonte, general romano de uma família distintíssima, ligado à nossa, tem a simpatia do Imperador e está comandando as legiões romanas na fronteira da Gália, é esse jovem que te escolhi para esposo.

Engrácia baixou a cabeça, e humildemente mas firme, respondeu:

– Desposar-me eu? Nunca meu pai!

Oteomero tapando o rosto com as mãos exclamou:

– A minha única filha, a alegria dos meus últimos dias destrói com uma palavra todas as minhas ilusões!

– Pai, se eu pudesse satisfazer os teus desejos, mas... há um sentimento mais alto que me conduz. Não posso aceitar o esposo que me destinais.

Oteomero cheio de esperança diz-lhe:

– Filha, se é outro o teu escolhido diz-me o seu nome, não tardarei em lhe abrir os braços.

Então, Engrácia transfigurada exclamou:

– O meu esposo é Jesus-Cristo, eu sou cristã!



– Infeliz!!! – rugiu Oteomero empurrando a filha e desapareceu.

A noite desceu sobre o palácio do velho Senador, e pensamentos terríveis o agitaram... «Se chega aos ouvidos do Imperador a decisão da minha filha a que martírios, ela está exposta!». Tudo lhe parecia um sonho – «Quem revelaria a Engrácia essa doutrina?». Fora de si, mandou chamar o cunhado.

– Sabes a nossa desgraça? Engrácia é cristã!

Este por sua vez calava-se e depois de muito instado, confessou: – Também eu sou cristão pela graça de Deus. Foi uma pobre escrava, pobre para o mundo, mas rica aos olhos de Deus, quem me converteu a mim e à tua filha.












Passou tempo, mas Oteomero não desistiu, e na Primavera acompanhada de um brilhante séquito, partia Engrácia para Saragoça. Uma visão do futuro tinha feito a Santa Mártir exultar de alegria, mas deixar o pai tão velho e pagão fazia-lhe sangrar o coração. Na véspera de partir, reunira num dos seus aposentos, transformado em oratório, todos os escravos cristãos, suplicando fervorosamente a Deus a conversão de Oteomero. Nisto, o velho Senador que escondido tudo tinha observado, entrou e exclamou abraçando a filha: – Grande é o vosso Deus, pois uma jovem humilde e tímida como Engrácia, pôde levantar-lhe em minha casa um altar, e reunir aqui os meus melhores escravos. Não sabia que o meu palácio estava cheio de cristãos. Se o vosso Deus é poderoso como dizeis, ele dissipará as minhas trevas e se resistirdes às perseguições de que 

são vítimas os discípulos de Cristo, também eu abraçarei a vossa fé!
Saragoça, cidade privilegiada de Maria. Conta Maria de Agreda, na Mística Cidade de Deus, o que se segue.

Estava S. Tiago Apóstolo pregando em Saragoça, quando um dia lhe apareceu Nossa Senhora rodeada de uma multidão de Anjos que traziam uma coluna de mármore ou jaspe e uma pequena estátua da Mãe de Deus. Nossa Senhora ordenou aos anjos que colocassem a sua estátua sobre a coluna e a pusessem no sítio onde ainda hoje está. Disse a S. Tiago que queria ali um templo em sua honra, onde ficaria a coluna e a sua imagem até ao fim do mundo, e que protegeria a Espanha!

A primeira visita de Engrácia em Saragoça foi a Nossa Senhora do Pilar. A sua entrada na cidade não passou despercebida, devido à sua formosura e ao brilhante séquito que a acompanhava.

Reinava Diocleciano, e uma nova era de perseguições, ia começar. Daciano, perfeito romano chegava a Saragoça para lhe dar início. Acompanhava-o Endonte, general romano, noivo que Oteomero destinava a sua filha. Era um belo moço e sabendo pelo pai da chegada de Engrácia a Saragoça, queria vê-la. No seu orgulho, não duvidou um instante do consentimento dela e convidou para a boda os seus amigos. Fascinado com a formosura da Lusitana, pediu a sua mão, sabendo ser essa a vontade de Oteomero. Mas ela dirigindo-lhe palavras que ele como pagão não podia compreender, acabou dizendo: – Nunca aceitarei um esposo humano.

– Mas para quê viestes então a Saragoça?

– Para cumprir a vontade de Deus – respondeu Engrácia.

O general cheio de orgulho e cólera quis replicar, mas a Santa mostrando-lhe a saída retirou-se, dizendo-lhe: – Endonte, Deus te perdoe e ilumine!

A perseguição desencadeou-se terrível. Daciano queria saber o número e o asilo dos cristãos. Procurou o general romano e disse-lhe: – O édito vai ser afixado esta noite, os altares estão prontos para os sacrifícios, espero uma boa presa, uma mulher, uma estrangeira a quem ninguém ousa prender, mas que em breve estará em meu poder. Conhece-la? É aparentada com a nossa família.

– Seja o que for – respondeu Endonte com dureza. – Se é cristã tem de morrer!














Engrácia não aparecia, não chegara ainda o dia da vitória.
Depois de buscas infrutíferas, espalhou-se que os cristãos se tinham refugiado na Igreja do Pilar. Endonte juntou as suas tropas e avançou para o templo, mas à porta estacou; supersticioso e cobarde, receou entrar no templo de Maria. Vendo que as suas tropas se recusavam também, mandou rodear a Igreja de matérias inflamáveis e deitar‑lhe fogo. Mas... o poder incomparável de Nossa Senhora, ardeu tudo, mas o templo ficou intacto. Depois de muitas pesquisas, Endonte conseguiu entrar nas catacumbas, junto ao Èbro, era ali que se reuniam os cristãos; para isso seguiu uma piedosa mulher conhecida de sua irmã Marcela, esta também já cristã de desejo. Endonte seguiu, os cristãos estavam em oração. Imediatamente se ouviu o tilintar das armas dos soldados romanos que entravam à ordem de Endonte.
– Quem procuras?
– Engrácia.
E a Santa Virgem, que mais parecia um anjo que uma criatura, esperando salvar os seus irmãos, avançou dizendo com um santo orgulho: – Sou eu!
Os cristãos foram massacrados e a Virgem lusitana levada em ferros para a prisão. Levantou-se o tribunal na praça pública de Saragoça e Engrácia foi conduzida à presença do perfeito romano. Á sua entrada houve um sussurro na multidão.
– És cristã? – perguntou Daciano.
– Tenho essa imensa ventura.
– Teu pai educou-te no culto dos Deuses?
– Eu só adoro o verdadeiro Deus.
– Estás noiva de um ilustre general romano?
– O meu único esposo é Jesus Cristo.
– Sabes que tenho o poder de te fazer sofrer as maiores torturas? Sacrifica aos nossos Deuses!
– Jesus Cristo é o defensor das virgens, nunca adorei aos vossos Deuses, só adoro Jesus Cristo, filho de Deus, criador de todas as coisas.
Nisto, ouve-se um clamor imenso sair da multidão. – Ao fogo, ao fogo com a lusitana!!!
Daciano mandou-a reconduzir à prisão, dizendo que ele mesmo, escolheria os suplícios que ela devia sofrer.
Engrácia, como o divino esposo foi presa a uma coluna e cruelmente açoitada; em seguida amarrada a dois fogosos cavalos numa corrida vertiginosa, desconjuntaram, rasgaram o corpo da Santa Virgem; era uma chaga, mas levaram-na ao cárcere ainda com vida. Nos seus lábios via-se um sorriso celestial, e quando piedosas mulheres entraram na prisão, acharam-na em extasies, voltando a si disse-lhes: – Porque choram? Se é hoje o dia mais feliz da minha vida, o corpo sofre, mas a alma goza, porque tem o penhor da vida eterna. Ah! O Céu! Se soubésseis o que é o Céu!!!!
O Bispo indo visitá-la, quis dar-lhe ânimo com estas palavras: – Feliz  filha, derramastes o vosso sangue por Jesus Cristo.
– Ainda não ­– respondeu ela. – O meu divino esposo disse-me que tenho martírios mais atrozes a sofrer, tenho almas a salvar e não há redenção sem sacrifícios.
Daciano, instrumento do inferno preparava novos suplícios, entraram no cárcere cinco algozes que mais uma vez quiseram obrigar Engrácia a sacrificar aos Deuses, mas inutilmente. Estenderam a Santa Mártir no chão, pés e mãos presos em argolas de ferro, metidas nas paredes, e arrancando-lhe o fato colado às chagas, rasgaram-lhe o corpo com pentes e unhas de ferro, tirando-lhe parte do fígado. Engrácia pronunciava os nomes de Jesus e Maria. Neste momento entra na prisão Daciano, enraivecido com a constância de Engrácia, exclama: – Por toda a parte os cristãos, como exterminá-los? Talvez os carcereiros o sejam também! – e vendo a Santa Virgem ainda com vida, tenta ele mesmo acaba-la pela última vez. Engrácia por sinais recusou; mandou anda cortar‑lhe o peito do lado do coração, a mártir caiu para cima do algoz mas não morreu, Deus conservava-lhe a vida milagrosamente.
Então, Daciano, cheio de terror e raiva disse: – É preciso acabar coma lusitana! – e mandou vir um prego e martelo, o fez entrar na testa de Engrácia que a seguir expirou!
Querendo mais vítimas, mandou ali mesmo degolar Marcela, irmã do general romano, um triunfo de Engrácia que com o seu martírio tinha alcançado a Deus a conversão da jovem romana e de seu pai Oteomero, martirizado em Braga.
Passava-se isto a 16 de Abril.



Daciano convenceu-se que os cristãos se atemorizassem com os suplícios de Engrácia. Os mártires de Saragoça contam-se aos milhares. Os cristãos puderam enterrar o cadáver da Santa Mártir nas catacumbas, e nesse momento viram anjos revestidos de dalmáticas encarnadas, encessando com turibulos de ouro; as catacumbas iluminaram-se maravilhosamente e coros angélicos entoaram cânticos harmoniosos. Passados dias o general romano adoeceu gravemente e sentindo-se morrer, arrastou-se até ao túmulo de Engrácia e de Marcela. O Bispo Valero que vinha orar junto das Santas Mártires, reconheceu-o e vendo-o moribundo, perguntou-lhe: – Que queres? O baptismo? – respondeu Endonte: – O sangue da minha irmã Marcela caiu nos meus olhos e a minha alma abriu-se à verdade.
Depois de baptizado, voltando-se para o túmulo das Santas Virgens, exclamou:
– Elas me abriram o Céu! Meu Deus, que excesso de misericórdia e de amor.





Também conhecida como Santa Mariana de Paredes e Santa Mariana de Quito
Nasceu em Quito em 31 de Outubro de 1618 .Filha de Don Girolando Flores Zenel de Paredes ,um nobre de Toledo e D. Mariana Cranobles de Xaramilo. Diz a tradição que o seu nascimento teria sido acompanhado de um fenômeno celestial incomum. Ela ficou órfã muito nova e foi criada pela irmã mais velha e seu cunhado. Mariana era um jovem piedosa com um forte devoção a Maria. Ela foi milagrosamente salva da morte várias vezes .




Atraída para a vida religiosa aos 10 anos fez os votos de pobreza, castidade e obediência. Ela inicialmente desejava ser uma freira Dominicana, mas em vez disto se tornou uma eremita na casa de sua irmã e sua vida mudou a tal ponto que exceto a para ir a igreja, não saia de casa. Dada a forte e severa austeridade ela pouco dormia, orava horas a noite, só comia 250 gramas de pão seco ao dia e as vezes ficava até oito dias sem comer nada, se alimentando somente da Eucaristia, a qual recebia diariamente, na Comunhão.
Entrava em êxtases e tinha o dom da profecia, via a distancia, lia mentes e corações, curava vários doentes apenas com o Sinal da Cruz ou com um pequeno respingo de água benta e pelo menos uma vez ela trouxe uma pessoa de volta a vida.
Durante os terremotos de 1645 e as Inevitáveis epidemias em Quito ela publicamente em oração, se ofereceu como vitima para a cidade e morreu logo após. Imediatamente após sua morte nasceram lírios brancos de seu sangue e as epidemias desapareceram milagrosamente. A Republica do Equador a declarou oficialmente " heroina nacional".
Ela faleceu em 26 de maio de 1645 e foi beatificada em 10 de novembro de 1853 pelo Papa Pio IX e foi canonizada em 1950 pelo Papa Pio XII
É padroeira dos órfãos e pessoas doentes e é a padroeira de Quito.
Sua festa é celebrada no dia 26 de maio.





            SANTA BEATRIZ






Santa Beatriz nasceu em 1424, na cidade portuguesa de Campo Maior. Era descendente de família real e se chamava Beatriz da Silva. Foi agraciada com uma surpreendente beleza física e grandes qualidades morais. Foi educada pelos franciscanos, que fizeram brotar em seu coração uma forte devoção a Nossa Senhora. Desde menina Beatriz rezava para que a Igreja proclamasse o dogma da Imaculada Conceição de Maria. A beleza, as virtudes e a devoção a Maria serão determinantes no caminho de Santa Beatriz.


Quando sua prima D. Isabel, rainha de Portugal, se casou com Dom João II de Castela, Santa Beatriz a acompanhou como dama de honra na Corte de Castela, região que hoje faz parte da Espanha. Por causa de sua beleza, simpatia e nobreza, Beatriz logo passou a ser a preferida e admirada pelos cortejos de todos. Beatriz, porém, cultivava um amor cristão pelas pessoas e não se deixava levar pelas paixões mundanas.




A Rainha gostava de saber que sua dama de honra era elogiada e querida por todos. Todos falavam da jovem Beatriz, bela e carismática, atraente e virtuosa. Depois, porém, D. Isabel começou a enxergar em Beatriz uma rival. O ciúme se fez presente no coração da Rainha de maneira irreversível. Tanto que, depois de algum tempo, a Rainha decidiu matar Santa Beatriz por asfixia.
Foi assim que, numa noite infeliz a Rainha levou Santa Beatriz até à parte subterrânea do palácio e enterrou-a viva em um cofre que ficava no local. No pensamento da Rainha, o “problema” estava resolvido.
Aparentemente a morte era certa no caminho de Santa Beatriz. No auge de sua angústia, ela encomendou sua alma a Deus e, num ato de amor e compreensão, pediu perdão também pela Rainha. Santa Beatriz sentia muito estar prestes a morrer sem receber os sacramentos, mas aceitou a morte próxima.
Mas aquilo que parecia o fim transformou-se no grande chamado de Santa Beatriz. Aconteceu que, de repente, uma grande luz brilhou naquele cofre escuro e Santa Beatriz viu a Virgem Imaculada com o menino Jesus nos braços. Nossa Senhora vestia hábito e escapulário brancos e nos ombros um manto de um azul celeste. Sobre sua cabeça brilhavam doze estrelas.




Maria, então, disse: “Minha filha, vês os hábitos que trago? Pois bem. No fim de três dias serás livre desta prisão e fundarás uma Ordem religiosa em louvor a minha Conceição Imaculada.”
Depois de três dias todos começaram a notar a ausência de Santa Beatriz na corte. Então, seu tio D. João de Menezes, procurou a Rainha para perguntar sobre sua sobrinha. A Rainha ficou furiosa com a pergunta do súdito e o levou até o cofre, esperando achar ali um corpo em decomposição.
Quando abriram o cofre, porém, a surpresa: Santa Beatriz estava bela, sorridente e com uma aura celestial iluminando seu rosto. A Rainha ficou aterrorizada. Santa Beatriz ajoelhou-se a seus pés e pediu permissão para sair da Corte e ir para um Mosteiro.
Santa Beatriz partiu, então, para o Mosteiro de São Domingos, em Toledo. Sua meta agora era preparar-se no silêncio e na oração, para a grande missão que Nossa Senhora lhe dera.
Quando Santa Beatriz chegou ao Mosteiro de S. Domingos, cobriu seu rosto com um véu a fim de que ninguém mais se perdesse por causa de sua beleza.
Santa Beatriz passou mais de 30 anos no silêncio e na oração no Mosteiro de S. Domingos. Foi como certas árvores gigantescas que, antes de lançarem um broto acima da terra, aprofundam suas raízes, que ficam escondidas sob o solo. Assim foi com Santa Beatriz.
Depois de mais de 30 anos, Nossa Senhora aparece uma segunda vez a Santa Beatriz. A Virgem Maria ordenou o início da construção de sua Ordem religiosa.
Providencialmente, Santa Beatriz recebeu ajuda da filha de sua adversária, também chamada D. Isabel, com o apelido de “a Católica”. Esta se tornou Co-fundadora e benfeitora da nova Ordem religiosa. Doou para a Ordem os Palácios de Galiana e aIgreja de Santa Fé. Ela mesma pediu e obteve a Bula de Aprovação do Papa Inocêncio VIII.
Assim, em 1484, Beatriz deixou o Mosteiro de S. Domingos e, acompanhada de 12 moças, entrou nos palácios de Galiana adaptados à forma de Mosteiro. Ali começaram a viver a vida monástica. Vestiam hábito e escapulário brancos, manto azul e cingiam-se com o cordão seráfico, como na aparição de Nossa Senhora. Mais tarde, todas fizeram os votos perpétuos.
Aos 67 anos Santa Beatriz recebeu uma terceira visita de Nossa Senhora. Esta lhe disse:
“Minha filha, prepara-te que de hoje a 10 dias virás comigo para o paraíso”. Santa Beatriz pensa na Ordem nascente e em suas filhas espirituais ainda jovens e, numa prece ardente e fervorosa, implora a proteção de Deus para sua obra. Então o Espírito de Deus a inspirou a colocar a Ordem nascente sob a proteção dos Franciscanos, pois eles eram defensores da Conceição Imaculada de Maria.
Depois disso, Santa Beatriz ficou gravemente enferma. Assim, chegou o dia predito pela Virgem Maria: 09 de agosto de 1491. Deitada no seu leito de morte, Santa Beatriz ainda estava com seu rosto encoberto. Então, uma das irmãs, com muita reverência, descobriu lhe o rosto. Foi uma surpresa maravilhosa para todos. Seu rosto conservava toda a beleza da juventude acrescida de uma aura celestial de paz e felicidade e uma luz sobre sua cabeça.
Todas as suas filhas espirituais, mais seis sacerdotes Franciscanos e monjas Cistercienses que tinham vindo assistir aos últimos momentos de Santa Beatriz testemunharam o milagre. A notícia se espalhou rapidamente pela região e o povo invadiu a clausura  para contemplar a Santa do brilho celestial ainda viva, como se já estivesse glorificada no céu. A luz só desapareceu quando a alma de Santa Beatriz subiu para o paraíso.
Santa Beatriz deu ao mundo um testemunho vivo de fé no dogma da Imaculada Conceição de Maria, 400 anos antes da sua declaração oficial pela Igreja. Ela nos ensina a saber esperar as demoras de Deus. Santa Beatriz é a santa da decisão, da força de vontade, da paciência, do perdão, da obediência, da maturidade. Santa Beatriz, ensina-nos a sofrer as demoras de Deus com paciência e fé!

           SANTA INÊS



Tambem conhecida com Santa Agnes






Virgem e mártir do século III, segundo a tradição vinha de uma família nobre e rica e a medida que crescia se tornava uma linda donzela de sedutora beleza. Seus cabelos vermelhos e longos ascendia os desejos dos jovens romanos. Mas ela, havia prometido castidade perpétua e sofreu várias tentativas de violações, sempre orando a Jesus para protege-la.




Assim, o primeiro homem que a quis violar foi cegado por  raio de luz. Santa Inês o perdoou e ele pode ver de novo.
Foi então denunciada como sendo cristã. Prenderam-na e a torturam para que ela oferecesse sacrifícios aos desuses romanos e como ela recusasse, levaram-na para um Bordel,um mas o homem que tentou violenta-la foi morto por um raio de luz.(este Bordel ainda existe com uma inscrição do Papa Damasus I, assim é provável que esta historia seja verdadeira).



O Bordel era debaixo do Arco do Estádio de Dominitian onde é hoje a Praça Novona. O Arco forma a Cripta da Igreja de Santa Agnes em Agone.
Diz a tradição que foi acesso uma fogueira para ela ser queimada e quando colocada na pira ela orou e o fogo milagrosamente se extinguiu. Colocada para ser desmembrada por cavalos, os seus punhos eram muito pequeninos e não havia grilhões de ferros para ela. Tentaram amarra-la com correntes mas as correntes escorregaram em seu corpo, e as que ficavam, simplesmente arrebentavam. Finalmente foi decapitada com a espada. Por causa da influencia de sua família seu corpo não foi atirado no rio(como era costume) e foi enterrado no cemitério da família e hoje forma a catacumba dela e é ao lado da igreja dedicada a ela na Via Nomentana.
Vários milagres foram reportados em sua tumba e creditados a sua intercessão e sua fama se espalhou rapidamente.






Quando o Imperador Constantino quis ter sua filha batizada, ele o fez perto do local da igreja de Santa Agnese Fuori le Mura que foi erigida por ele sobre sua tumba. Em 382 o Papa Damasus I, que foi o primeiro a chamar Roma de "Sé Apostólica", restaurou a igreja de Santa Agnes.

Durante o reinado do Papa Paulo V as relíquias de Santa Agnes foram encontradas no santuário da igreja.

Agnes significa em grego casta, e em latim ovelha.
Talvez por isto na arte litúrgica da Igreja ela é representada sempre segurando uma ovelha.
Na sua festa, uma ou duas ovelhas são abençoados na sua igreja em Roma e de sua lã se faz alguns "palliuns" (duas tiras de lã branca) a qual o Papa confere aos Arcebispos como símbolo de sua jurisdição.
Ela é mencionada na Primeira Prece Eucarística
Segundo a tradição a Santa Inês ajuda a encontrar um noivo para um feliz casamento.
É padroeira da pureza e da castidade e é invocada na proteção da castidade.  
Sua festa é celebrada em 21 de Janeiro
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            SANTA  VIRGINIA


Virgínia, riquíssima, filha de um doge da República de Gênova, nasceu em 2 de abril de 1587. O pai, Jorge Centurioni, era um conselheiro da República. A mãe, Leila Spinola, era uma dama da sociedade, católica fervorosa e atuante nas obras de caridade aos pobres. Propiciou à filha uma infância reservada, pia e voltada para os estudos. Mesmo com vocação para a vida religiosa, Virgínia teve de casar, aos quinze anos, por vontade paterna, com Gaspar Grimaldi Bracelli, nobre também muito rico. Teve duas filhas, Leila e Isabela. Esposa dedicada, cuidou do marido na longa enfermidade que o acometeu, a tuberculose. Levou-o, mesmo, para a Alexandria, em busca da cura para a doença, o que não aconteceu. Gaspar morreu em 1607, feliz por sempre ter sido assistido por ela. 






Ficou viúva aos vinte anos de idade. Assim, jovem, entendeu o fato como um chamado direto de Deus. Era vontade de Deus que ela o servisse através dos mais pobres. Por isso conciliou os seus deveres do lar, de mãe e de administradora com essa sua particular motivação. O objeto de sua atenção, e depois sua principal atividade, era a organização de uma rede completa de serviços de assistência social aos marginalizados. O intuito era que não tivessem qualquer possibilidade de ofender a Deus, dando-lhes condições para o trabalho e o sustento com suas próprias mãos. 
Desenvolvia e promovia as "Obras das Paróquias Pobres" das regiões rurais conseguindo doações em dinheiro e roupas. Mais tarde, com as duas filhas já casadas, passou a dedicar-se, também, ao atendimento dos menores carentes abandonados, dos idosos e dos doentes. Fundou uma escola de treinamento profissional para os jovens pobres. Numa fria noite de inverno, quando à sua porta bateu uma menina abandonada pedindo acolhida, sentiu uma grande inspiração, que só pôs em prática após alguns anos de amadurecimento.

Finalmente, em 1626, doou todos os seus bens aos pobres, fundou as "Cem Damas da Misericórdia, Protetoras dos Pobres de Jesus Cristo" e entrou para a vida religiosa. Enquanto explicava o catecismo às crianças, pregava o Evangelho. As inúmeras obras fundadas encontravam um ponto de encontro nas chamadas "Obras de Nossa Senhora do Refúgio", que instalou num velho convento do monte Calvário. Logo o local ficou pequeno para as "filhas" com hábito e as "filhas" sem hábito, todas financiadas pelas ricas famílias genovesas. Ela, então, fundou outra Casa, depois        mais outra e, assim, elas se multiplicaram.
      
A sua atividade era incrível, só explicável pela fé e total confiança em Deus. Virgínia foi uma grande mística, mas diferente; agraciada com dons especiais, como êxtases, visões, conversas interiores, assimilava as mensagens divinas e as concretizava em obras assistenciais. No seu legado, não incluiu obras escritas. Morreu no dia 15 de dezembro de 1651, com sessenta e quatro anos de idade, com fama de santidade, na Casa-mãe de Carignano, em Gênova. A devoção aumentou em 1801, quando seu túmulo foi aberto e seu corpo encontrado intacto, como se estivesse apenas dormindo. Reavivada a fé, as graças por sua intercessão intensificaram-se em todo o mundo.
Duas congregações distintas e paralelas caminham pelo mundo, projetando o carisma de sua fundadora: a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Refúgio no Monte Calvário, com sede em Gênova; e a Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, com sede em Roma. 





Virgínia foi beatificada em 1985. O mesmo papa que a beatificou, João Paulo II, declarou-a santa em 2003. O seu corpo é venerado na capela da Casa-mãe da Congregação, em Gênova, com uma festa especial no dia de sua morte. Mas suas "irmãs" e "filhas" também a homenageiam no dia 7 de maio, data em que santa Virgínia Centurione Bracelli vestiu hábito religioso.


        






Santa Cecília é uma santa católica, padroeira dos músicos. Não se tem muitas informações sobre a vida de Santa Cecília. É provável que tenha sido martirizada entre 176 e 180, sob o império de Marco Aurélio. Escavações arqueológicas não deixam dúvidas sobre a sua existência.

Segundo a Paixão de Santa Cecília, escrita no século V, Cecília seria da nobre família romana dos Metelos, filha de senador romano e cristã desde a infância.
Os pais de Cecília, sem que a filha soubesse, prometeram-na em casamento a um jovem patrício romano, chamado Valeriano. Se bem que tivesse alegado os motivos que a levavam a não aceitar este contrato, a vontade dos pais se impôs de maneira a tornar-lhe inútil qualquer resistência. Assim se marcaria o dia do casamento e tudo estava preparado para a grande cerimônia.
Da alegria geral que estampava nos rostos de todos, só Cecília fazia exceção. A túnica dourada e alvejante peplo que vestia não deixavam adivinhar que por baixo existia o cilício, e no coração lhe reinasse a tristeza.



Estando só com o noivo, disse-lhe Cecília com toda a amabilidade e não menos firmeza: “Valeriano, acho-me sob a proteção direta de um Anjo que me defende e guarda minha virgindade. Não queiras, portanto, fazer coisa alguma contra mim, o que provocaria a ira de Deus contra ti”. A estas palavras, incompreensíveis para um pagão, Cecília fez seguir a declaração de ser cristã e obrigada por um voto que tinha feito a Deus de guardar a pureza virginal.
Disse-lhe mais: que a fidelidade ao voto trazia a bênção, a violação, porém, o castigo de Deus. Valeriano vivamente impressionado com as declarações da noiva, respeitou-lhe a virgindade, converteu-se e recebeu o batismo naquela mesma noite. Valeriano relatou ao irmão Tibúrcio o que tinha passado e conseguiu que também este se tornasse cristão.




Turcius Almachius, prefeito de Roma, teve conhecimento da conversão do dois irmãos. Citou-os perante o tribunal e exigiu peremptoriamente que abandonassem, sob pena de morte, a religião que tinham abraçado. Diante da formal recusa, foram condenados à morte e decapitados.
Também Cecília teve de comparecer na presença do irredutível juiz. Antes de mais nada, foi intimada a revelar onde se achavam escondidos os tesouros dos dois sentenciados.
Cecília respondeu-lhe que os sabia bem guardados, sem deixar perceber ao tirano que já tinham achado o destino nas mãos dos pobres. Almachius, mais tarde, cientificado deste fato, enfureceu-se extraordinariamente e ordenou que Cecília fosse levada ao templo e obrigada a render homenagens aos deuses.
De fato foi conduzida ao lugar determinado, mas com tanta convicção falou aos soldados da beleza da religião de Cristo, que estes se declararam a seu favor, e prometeram abandonar o culto dos deuses.
Almachius, vendo novamente frustrado seu estratagema, deu ordem para que Cecília fosse trancada na instalação balneária do seu próprio palacete e asfixiada pelos vapores d’água. Cecília experimentou uma proteção divina extraordinária e embora a temperatura tivesse sido elevada a ponto de tornar-se intolerável, a serva de Cristo nada sofreu. Segundo outros, a Santa foi metida em um banho de água fervente do qual teria saído ilesa.
Almachius recorreu, então, à pena capital. Três golpes vibrou o algoz sem conseguir separar a cabeça do tronco. Cecília, mortalmente ferida, caiu por terra e ficou três dias nesta posição. Aos cristãos que a vinham visitar, dava bons e caridosos conselhos. Ao Papa entregara todos os bens, com o pedido de distribuí-los entre os pobres. Outro pedido fora o de transformar a sua casa em igreja, o que se fez logo depois de sua morte. Foi enterrada na Catacumba de São Calisto.
As diversas invasões dos godos e lombardos fizeram com que os Papas resolvessem a transladação de muitas relíquias de santos para igrejas de Roma. O corpo de Santa Cecília ficou muito tempo escondido, sem que lhe soubessem o jazigo.
Uma aparição da Santa ao Papa Pascoal I (817-824) trouxe luz sobre este ponto. Achou-se o caixão de cipreste que guardava as relíquias. O corpo foi encontrado intacto e na mesma posição em que tinha sido enterrado. O esquife foi achado em um ataúde de mármore e depositado no altar de Santa Cecília. Ao lado da Santa acharam seu repouso os corpos de Valeriano, Tibúrcio e Máximo.
Em 1599, por ordem do Cardeal Sfondrati, foi aberto o túmulo de Santa Cecília e o corpo encontrado ainda na mesma posição descrita pelo papa Pascoal. O escultor Stefano Maderno que assim o viu, reproduziu em finíssimo mármore, em tamanho natural, a sua imagem.



A Igreja ocidental, como a oriental, tem grande veneração pela Mártir, cujo nome figura no cânon da santa Missa. O ofício de sua festa traz como antífona um tópico das atas do martírio de Santa Cecília, as quais afirmam que a Santa, nos festejos do casamento, ouvindo o som dos instrumentos musicais, teria elevado o coração a Deus nestas piedosas aspirações: “Senhor, guardai sem mancha meu corpo e minha alma, para que não seja confundida”.





Desde o século XV, Santa Cecília é considerada padroeira da música sacra e dos músicos. Sua festa é celebrada no dia 22 de novembro, dia da música e dos músicos.






          SANTA  ZENAIDE


As santas irmãs Zinaíde e Filonila nasceram na cidade de Tarso, na região da Cilícia, na Ásia Menor (hoje, Turquia). A Tradição relata que elas eram parentes do Apóstolo Paulo. Paulo, que outrora chamara-se Saulo e fora um dos principais perseguidores dos cristãos e da Igreja de Deus, após sua conversão tornou-se um confessor da fé cristã. Vendo a grande mudança na vida do seu tio, as jovens virgens, refletindo sobre as coisas vãs deste mundo e os ensinamentos de São Paulo, desejaram de alma inteira trabalhar somente para Cristo.



Escolhendo cuidar apenas das necessidades de suas almas, estabelecendo-as na fé e ensinamentos cristãos, Zinaida e Filonila viajavam pelas cidades e vilarejos pregando o Evangelho e curando todo tipo de doenças e enfermidades do povo. Deixando sua mãe renunciando às suas propriedades, as virgens realizaram obras verdadeiramente apostólicas. Tendo nos seus corações as palavras do Profeta Davi: «O quão bom e suave é viverem os irmãos em união» (Sal. 132:1), Zinaída e sua irmã decidiram ir morar em uma caverna próxima à cidade de Demetríade, ao norte de Tarso. Lá as virgens levavam vidas iguais as dos anjos.



Zinaída tratava de todas as doenças possíveis e Filonila, entregando-se ao jejum e à vigília, operava grandes milagres. Mas foi agradável a Deus que estas pérolas não ficassem escondidas da população, que necessitava da sua ajuda e serviço. Cada vez mais e mais pessoas vinham à caverna das virgens para seem curadas. As santas irmãs curavam tanto as enfermidades físicas como as enfermidades espirituais do povo, firmando-o na fé Cristã. Vendo a quantidade de pessoas que se recuperavam através da grandiosa graça das virgens cristãs, muitos pagãos converteram-se ao Cristianismo e foram batizados. Não sabemos quanto tempo as Santas Zinaída e Filonila permaneceram em Demetríade. Porém, alguns dos pagãos que ali viviam enfureceram-se com o resultado da pregação e dos milagres operados pelas virgens, pois devido a elas os templos pagãos ficaram desertos e a adoração aos demônios diminuiu. Sentindo-se ameaçados, os pagãos resolveram matá-las, e à noite foram à caverna das virgens e as apedrejaram até a morte, enviando assim seus espíritos ao Paraíso.
Foi assim que as santas virgens Zinaída e Filonila receberam suas mortes martíricas. Rezamos para as Santas Mártires Zinaída e Filonila pedindo a cura de toda enfermidade da alma e do corpo. 


                  SANTA  GIANNA







Gianna Beretta Molla (Magenta4 de outubro de 1922 — Milão28 de abril de 1962) foi uma médica italiana  casada e mãe de família com quatro filhos, proclamada santa  pela Igreja Católica.
Foi membro atuante da Ação Católica desde a adolescência. Formou-se com louvor em  Medicina  e especializando-se em Pediatriapor seu grande amor às crianças e às mães, pois pretendia unir-se ao seu irmão, Padre Alberto, médico e missionário no Brasil, que havia fundado um hospital na cidade de Grajaú, no estado do Maranhão, mas foi desaconselhada por seu Bispo.
Logo após, no ano de 1954, conheceu o engenheiro Pietro Molla e sentiu o chamado à vocação do Matrimônio.. Noivaram em 11 de abril de 1955 e casaram-se no dia 24 de setembro do mesmo ano, tendo a cerimônia sido presidida por seu outro irmão, Padre Giuseppe. Durante o noivado escreveu ao seu noivo: “Quero formar uma família verdadeiramente cristã; um pequeno cenáculo onde o Senhor reine nos nossos corações, ilumine as nossas decisões, guie os nossos programas”.



Das gravidezes, fruto do seu Matrimônio, quatro crianças nasceram: Pierluigi, Maria Zita, Laura e Gianna Emanuela. Na última gestação, aos 39 anos, descobriu que tinha um fibroma no útero. Três opções lhe foram apresentadas naquele momento: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança, abortar o feto, ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez. Não hesitou! Disse: “Salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz!” Submeteu-se à cirurgia no dia 6 de setembro de 1961.



Deu entrada, para o parto, no hospital de Monza, na sexta-feira da Semana Santa de 1962. No dia seguinte, 21 de abril de 1962, nasceu Gianna Emanuela, a quem teve por breves instantes em seus braços. Sempre afirmou: “Entre a minha vida e a do meu filho salvem a criança!”. Faleceu no dia 28 de abril de 1962, em casa.



O milagre da Beatificação aconteceu no Brasil, em 1977, na cidade de Grajaú no Maranhão, naquele mesmo hospital onde queria ser missionária, sendo Beatificada pelo  Papa João Paulo II. em 24 de abril de 1994.



Foi canonizada  no dia  16 de maio de  2004, onde recebeu do Santo Padre o Papa João Paulo II o sugestivo título de “Mãe de Família”. Na cerimônia estavam presentes o seu marido Pietro Molla, as filhas Gianna Emanuela e Laura, e o filho Pierluigi. Mariolina faleceu com seis anos, dois anos após a Páscoa da Mãe.
O milagre da canonização foi experimentado por Elisabete Arcolino Comparini, casada com Carlos César, ambos da Diocese de Franca quando, no início do ano 2000, o quarto bebê que havia concebido começou a passar por sérios problemas, tendo, no terceiro mês, a jovem mãe perdido, segundo alegava-se, totalmente o líquido amniótico. A alegada intercessão da Santa Gianna foi pedida, ainda no hospital, na presença do bispo de Franca, Dom  Diógenes Matthes.
Face a negativa do aborto e à intercessão da Santa Gianna Beretta Molla, após uma gravidez sem presença de líquido amniótico; sem explicação científica, no dia 30 de maio de 2000, nasceu Gianna Maria, nome que foi dado em homenagem àquela médica e mãe "heróica". Nas palavras de Dom Serafino Spreafico, Bispo Emérito de Grajaú-MA, “Santa Gianna formou-se como missionária e como tal viveu, ligada ao Brasil por vocação específica…ela agradeceu ao Brasil por tal vocação obtendo de Deus os Dois Milagres Oficiais para a Igreja.”
Muitas graças têm sido alegadamente alcançadas, em vários países, pela suposta intercessão de Santa Gianna, especialmente por mulheres crentes que não conseguem engravidar ou têm problemas na gestação e/ou no parto, por isso, várias crianças têm recebido o "honroso nome de Gianna" em agradecimento por sua suposta intercessão. Celebra-se o seu dia em 28 de abril.


SANTA JOANA  FRANCISCA DE 
                             CHANTAL



No século XVI, a heresia protestante devorara como um câncer em quase toda a Alemanha.
Lançando metástases pela Europa, penetrou tão perigosamente na França, que em breve seu poderio foi o de um Estado dentro do Estado.
Aproveitando-se da fraqueza e omissão da dinastia francesa dos Valois, dirigida efetivamente pela inescrupulosa Catarina de Medicis, e do apoio de membros da mais alta nobreza, seduzidos pela nova heresia, esta ameaçava a própria existência da única e verdadeira religião, a Católica.
Diante do perigo, os católicos, liderados pela família dos duques de Guise, formaram uma Liga Santa para a defesa de sua Religião. Dissolvida por Henrique III, a referida Liga renasceu em 1587, quando o Tratado de Beaulieu favoreceu demasiadamente os huguenotes, como eram chamados os protestantes na França.
Da Liga fazia parte o enérgico e ardente católico Benigno Fremyot, Presidente do Parlamento da Borgonha, casado com Margarida de Berbisey. Foi nesse ambiente, carregado das guerras de religião, que nasceu Joana, segunda filha deste casal.
Não há dúvida de que o amor materno é insubstituível na formação moral e religiosa da prole. O caso do Presidente Fremyot foi uma das notáveis e raras exceções a essa regra. 
Joana tinha apenas 18 meses quando faleceu a mãe, no parto do terceiro filho, André. Benigno Fremyot supriu a falta da esposa dando aos filhos uma educação ao mesmo tempo afetuosa e viril. Dos três que teve, a primeira faleceria piedosamente poucos anos depois de casada; a segunda seria elevada à honra dos altares; e o último, por sua virtude e qualidades morais, tornar-se-ia, aos 21 anos, Arcebispo de Bourges e amicíssimo de São Francisco de Sales.
O Presidente Fremyot os reunia de manhã e à noite para ensinar-lhes a rezar, conhecer e amar a verdadeira Igreja e o Papa.
Desde cedo, enérgica rejeição da heresia
A pequenina Joana foi dotada pela Providência de um carisma especial, que a levava, mesmo antes do uso da razão, a discernir os hereges. Quando, nos braços da ama, via um deles, começava a chorar. 

E se este queria acariciá-la, gritava e escondia a cabeça no peito da ama, não se tranqüilizando até que o perdesse de vista.
Um fato muito conhecido, mas que vale a pena relembrar, foi o que se passou quando ela tinha apenas cinco anos.




Devido à sua profissão, o Sr. Fremyot recebia muitas vezes influentes protestantes em sua casa.

 Havia um que, como é característico deles, não deixava escapar a ocasião para uma discussão teológica. Ora, uma vez em que a pequena Joana estava presente na sala, aparentemente absorta com algum brinquedo, o herege negou a Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Hóstia consagrada. 

Ao ouvir isto, a menina não pôde conter-se; aproximando-se dele, olhou-o com emoção e disse:


 "Senhor, é preciso crer que Nosso Senhor Jesus Cristo está presente no Santíssimo Sacramento, porque Ele mesmo o disse! Se vós não O credes, fá-Lo-eis passar por mentiroso".
O protestante, admirado, começou a argumentar com ela. Mas Joana, dotada da sabedoria da inocência, respondia-lhe à altura. Para terminar amigavelmente a conversa, o herege ofereceu-lhe um punhado de caramelos. 

A menina os recebeu em seu avental e foi jogá-los diretamente na lareira fumegante, dizendo-lhe:
"Vede, senhor, vede. Assim arderão os hereges no fogo do inferno por não quererem crer nas palavras de Nosso Senhor!"
Em outro dia em que o renitente herege recomeçou a discussão, a pequena Joana acercou-se dele e lhe disse energicamente:

 "Senhor, se tivésseis ofendido o Rei, meu pai vos mandaria enforcar. Se desmentis a Nosso Senhor, estes dois Presidentes (apontou para um quadro representando São Pedro e São Paulo) mandar-vos-ão enforcar" .
Quando seus filhos foram crescendo, o Presidente Fremyot contratou mestres escolhidos para reforçarem sua formação. "Joana aprendia com grande facilidade e viveza de imaginação. E, dado seu bom talento e a posição que ocupava no mundo, foi-lhe ensinado tudo o que deveria saber uma jovem de sua classe: ler, escrever, dançar, tocar instrumentos de música, canto, os labores próprios ao seu sexo etc." .
Ao receber a Confirmação, por devoção ao Poverello de Assis, Joana acrescentou ao seu o nome de Francisca.
No matrimônio e na viuvez: fortaleza e generosidade
Aos 20 anos, Joana Francisca foi dada pelo pai em casamento ao Barão de Chantal, valoroso oficial do exército francês e católico, embora desde a morte da mãe ele levasse uma vida um tanto dissipada.
O primeiro cuidado de Joana foi conquistar o coração do marido para levá-lo inteiramente a Deus. Isso não foi difícil, pois o Barão, além das boas predisposições que possuía, percebeu logo que Deus lhe tinha dado por esposa uma santa. A união entre eles foi tão grande que se dizia que tinham um só coração. Ao mesmo tempo a baronesa estabeleceu, com bondade e firmeza, a ordem e a disciplina no seio da numerosa criadagem do castelo.
Quando seu marido estava ausente, Joana entregava-se mais a Deus e ao exercício da caridade. Cuidava dos pobres e dos enfermos com suas próprias mãos e supria a todas suas necessidades. Em breve, ficou conhecida na região como a santa Senhora. Deus quis, em duas ocasiões, demonstrar a virtude de Sua serva mediante o milagre da multiplicação do trigo para alimentar os pobres, em época de grande fome.
O casal foi abençoado com seis filhos, dos quais os dois primeiros faleceram apenas nascidos. Sucederam-lhes outro filho e três filhas, tendo a última nascido poucas semanas antes da morte do Barão.
Mortalmente ferido por seu melhor amigo num acidente de caça, recebeu os últimos Sacramentos, perdoou seu homicida e recomendou à Baronesa que se resignasse à vontade de Deus.
Joana ficava assim viúva aos 28 anos, com quatro filhos para educar e o baronato para dirigir. Foram-lhe necessárias toda sua fé e energia para aceitar o rude golpe. Mas recebeu muitas graças nessa época, o que a levou a afirmar mais tarde que, não fossem os filhos tão pequenos, teria tudo abandonado para ir terminar seus dias em Jerusalém, consagrada inteiramente a Deus.
Essa alma forte e generosa foi submetida na viuvez a novas provações! O Barão de Chantal – sogro de Joana, cujo caráter orgulhoso, vaidoso e extravagante ela conhecia -- sentindo-se muito só em sua velhice, queria que a jovem viúva, com os filhos, fosse lhe fazer companhia.
No novo domicílio – cuja desordem era igualmente de seu conhecimento -- Joana entregou-se a todas as obras de apostolado e misericórdia por ela desenvolvidas no anterior. Mas sentindo a necessidade de encontrar um bom diretor espiritual, pediu insistentemente a Deus essa graça.
Em 1604, o já merecidamente célebre Bispo de Genebra, São Francisco de Sales, foi pregar a quaresma em Dijon, cidade natal de Joana. Esta convenceu o sogro a trasladarem-se para a casa de seu pai para seguirem os sermões.
O grande pregador, a quem Deus mostrara em sonhos sua futura penitente, imediatamente a reconheceu, atenta e recolhida, em meio aos fiéis. Esta também reconheceu com emoção aquele que Deus designara para seu pai espiritual. Começou assim um dos mais belos parentescos espirituais da História da Igreja, que tantos e tão belos frutos produziria.
São Francisco de Sales traçou-lhe uma minuciosa regra de vida. Sob sua direção, Santa Joana de Chantal progrediu tão rapidamente, que o santo se admirava, dando graças a Deus.
Aos poucos maturava na mente do Bispo de Genebra o projeto de uma nova congregação religiosa, com regras adaptadas a virgens e viúvas que, desejando servir a Deus, não se sentiam atraídas pelas grandes austeridades das famílias religiosas já existentes. Teriam como oração em comum somente o Ofício Parvo de Nossa Senhora; deveriam dedicar-se também à assistência dos pobres e enfermos.
Joana pôs-se à sua disposição para a realização da obra assim que seus filhos estivessem encaminhados.






A mão de Deus fez-se então sentir para abreviar o tempo de espera. A Baronesa de Chantal tornara-se amicíssima da Baronesa de Boissy, mãe de São Francisco de Sales, senhora virtuosíssima, viúva e mãe de 13 filhos. Tal era a confiança que esta tinha em Joana que, a conselho de São Francisco, confiou à jovem viúva a educação de sua caçula, de nove anos. Esta veio a falecer poucos anos depois nos braços de Santa Joana.
Para unir por laços mais fortes que os da amizade as duas famílias, a Senhora de Boissy propôs o casamento de seu filho, Barão de Thorens, de 14 anos, com Maria Amada, filha mais velha de Santa Joana, então com 12. O casamento foi oficiado por São Francisco de Sales e, como era costume na época, a jovem esposa foi viver com a família do marido até atingir a idade núbil.
Santa Joana confiou o filho, Celso Benigno, ao avô, Presidente Fremyot, que com a ajuda de um virtuoso preceptor completaria a educação do adolescente. Levando as duas filhas para terminar sua educação no convento, a Baronesa de Chantal ficava assim livre para a realização da grande obra.
Antes de partir, renunciou a todos seus bens em favor dos filhos e embarcou para Annecy, que fazia parte então do Ducado da Sabóia. Pouco depois, Deus chamou a Si a filha caçula de Joana, aquela a quem ela mais amava por sua inocência e docilidade.
Em Annecy já a esperavam três donzelas virtuosas, dirigidas de São Francisco de Sales, que com ela principiariam a obra.
A Congregação idealizada pelo Bispo de Genebra era uma inovação. Até então só havia conventos de reclusas. Na recém-fundada Congregação – denominada da Visitação – as religiosas não guardariam clausura, pois deveriam cuidar dos pobres, o que suscitou muitas controvérsias.
Apesar da pobreza e das críticas recebidas, novas postulantes foram ingressando na Congregação e três jovens viúvas de Lyon pediram licença para lá fundar uma casa. Nessa ocasião, interveio o Cardeal Arcebispo local, convencendo São Francisco de Sales a erigir e transformar a Congregação em Ordem religiosa e aceitar a obrigação da clausura perpétua. O Fundador, tendo aceito a proposta, estipulou contudo que em seus conventos se pudessem receber senhoras e donzelas que quisessem retirar-se temporariamente para pôr em ordem sua consciência.
Embora muito atenuada em relação às regras existentes, no que se refere a penitências, jejuns e longos ofícios em comum, São Francisco de Sales reforçou a pobreza e a obediência da nova instituição. Nenhuma religiosa poderia ter nada seu, nem mesmo o hábito ou o rosário que usava. Cada ano havia uma rotação de tudo, inclusive livros e objetos de piedade.


A finalidade visada por São Francisco de Sales para sua Congregação seria levada avante pouco depois por seu grande amigo, São Vicente de Paulo, mediante a criação das Filhas da Caridade.
Foi cedendo a instâncias da Madre Chantal e dedicando-o a suas filhas da Visitação, que São Francisco de Sales escreveu seu famoso Tratado do Amor de Deus.






"Minha filha, disse-lhe o santo Bispo, o Tratado do Amor de Deus está escrito para vós". 

No prefácio da obra, ele diz: "Como Deus sabe o muito que estimo essa alma, não foi pouco o que ela influiu nesta ocasião ... o que mais me moveu a levar avante meu projeto foram as reiteradas instâncias desta alma".


Sua mãe morreu muito cedo. Apenas casada, foi-lhe arrebatada a irmã que com ela compartira a orfandade, deixando-lhe como herança três orfãozinhos. Dois de seus filhos faleceram recém-nascidos e o marido foi-lhe arrebatado num acidente de caça, deixando-a viúva aos 28 anos. Viu morrer, sucessivamente o pai, o sogro, os quatros filhos, a nora e um genro, tornando-se, aos 60 anos e já superiora da Visitação, a "mãe" de seus netos. Cabe mencionar que seu único filho varão, Celso Benigno, morreu heroicamente aos 31 anos, lutando contra os protestantes na ilha de Rhé. Sua esposa seguiu-lhe na tumba pouco depois, deixando uma filhinha de um ano, que viria ser a famosa epistológrafa Madame de Sevigné.



A cada novo luto, Santa Joana de Chantal superava-se a si própria, saindo do convento para cuidar dos interesses de seus filhos com um tino e uma habilidade superiores. Não deixava, em meios aos negócios do mundo, de ser menos religiosa que no mosteiro. Irradiava por toda parte o reflexo de sua santidade, suscitando verdadeira veneração. Só ao contemplá-la, várias donzelas foram atraídas ao seu convento.
A estas provações somaram-se as espirituais, como tentações terríveis, algumas vezes contra a fé. Conheceu a noite escura e a secura espiritual para chegar a um grau sublime de contemplação. São Vicente de Paulo afirmou que, embora aparentando paz e tranqüilidade, Santa Joana "sofria terríveis provas interiores. Via-se tão assediada de tentações abomináveis, que tinha que apartar os olhos de si mesma com horror para não contemplar esse espetáculo insuportável .... Em meio a tão grandes sofrimentos, jamais perdeu a serenidade nem esmoreceu na plena fidelidade que Deus lhe exigia. Por isso a considero como uma das almas mais santas que encontrei sobre a terra".
Após a morte de São Francisco de Sales, não só consolidou a obra nascente, mas a fez expandir. Durante sua vida, os mosteiros da Visitação elevaram-se a 65. A todos visitou para satisfazer o desejo que muitas de suas filhas espirituais tinham de conhecê-la.
Em 1641, a rainha Ana d’Áustria convidou-a para ir a Paris, cumulando-a de honras e distinções. Era a exaltação que a Realeza prestava à Santa que foi, em vida, comparável à própria Mulher forte do Antigo Testamento.
Meses depois, foi ela receber, no Céu, a recompensa demasiadamente grande que Deus reserva a seus eleitos.
Entregou sua alma a Deus em Moulins, a 13 de dezembro de 1641. Foi beatificada por Bento XIV a 13 de novembro de 1751 e canonizada por Clemente XIII em 16 julho de 1767.

                      São Bentinho


Pastor da Provença, França ( 1165- 1184), a quem, segundo a lenda, uma voz sobrenatural ordenou construir uma ponte sobre o Rio Reno em Avignon. Essa ponte se chama São Bentinho, foi concluída em 1188; suas ruínas podem ser vistas até hoje.

             São Bento de Aniano

Beneditino Anglo-saxão, nasceu na Nortúmbia, em 628 e faleceu em Wearmouth, 690, fundador das Abadias de Wearmouth e Jarrow.

            SANTO ALEIXO

Asceta mendicante ( século V), cuja lenda inspirou o poema medieval VIDA DE SANTO ALEIXO ( século XI) e também a PAIXÃO DE SÃO JULIÃO.


Fontes: Larousse

               SANTO  ALEXIS



Tambem conhecido com Alexandre Falconiere  e Alessio Falconieri

Nasceu no 13° seculo em Florença, Itália
Um dos sete fundadores dos Servos de Maria tambem chamados de Servitas.
Filho de Bernardo Falconiere, um rico mercador de Florença. Entrou para a Confraria da Santíssima Virgem em Florença em 1225. Os outros membros da Confraria foram ordenados mas Alexandre sentiu que não merecia e continuou um irmão leigo, trabalhando para assegurar os requisitos materiais e financeiros para a Confraria. Ajudou a construir a igreja dos Servitas em Cafaggio. Ele é o único dos sete fundadores que estava ainda vivo quando a Ordem foi aprovada pelo Papa Benedito XI em 1304.
Faleceu em 17 de fevereiro de 1310 em Monte Sennario, Itália.
Canonizado no dia 15 de janeiro de 1887 pelo Papa Leão XIII.





Sua festa é celebrada no dia 17 de fevereiro.


           SÃO  MELÉCIO


São Melécio nasceu em Melitene, no ano 310, aproximadamente. Pertencia a uma das mais distintas famílias da Armênia Menor. Distinguia-se por sua inteligência e piedade. No ano 357, foi ordenado Bispo de Sebaste. Na cidade, encontrou violenta oposição ao cristianismo e decidiu retirar-se para o deserto e, mais tarde, para Beroa na Síria. Após o desterro de Eustásio em 331, a Igreja de Antioquia estava sob o domínio dos arianos, já que vários bispos fomentavam essa heresia. Eudóxio, ainda ariano, foi expulso  por um grupo que professava a mesma heresia, em uma revolta contra as autoridades. Pouco depois, usurpou o trono de Constantinopla. Os arianos, diante deste fato, junto com alguns cristãos ortodoxos, concordaram em eleger Melécio à sede de Antioquia, no ano 361. O imperador confirmou a eleição, ainda que outros ortodoxos se negassem a reconhecê-lo, dizendo que era uma escolha ilegal uma vez que alguns arianos haviam participado da eleição. Os arianos esperavam que Melécio se declarasse em favor da heresia, o que não se confirmou. Certa vez o imperador Constâncio, vindo de Antioquia, pediu a vários prelados que explicassem um texto do Livro dos Provérbios. Jorge de Laodicéia explicou o texto no sentido ariano; Acácio de Cesaréia explicou num sentido herético e Melécio deu uma explicação no sentido ortodoxo. A explicação de Melécio enfureceu os arianos e,  por causa disso Eudóxio, em Constantinopla, influenciou o imperador para que desterrasse Melécio para a Armênia Menor.

Substituindo a sé vacante, os arianos elegeram Euzoius que anteriormente havia sido expulso da Igreja por Santo Alexandro, arcebispo de Alexandria. Este fato marcou o Cisma de Antioquia, ainda que o verdadeiro inicio do cisma tenha acontecido com o desterro de Eustásio, trinta anos antes. Em 381, reuniu-se em Constantinopla o Segundo Concilio Ecumênico, presidido por São Melécio. Durante a realização do Concilio, o bispo faleceu após suportar com paciência muitos sofrimentos. A notícia de sua morte foi recebida com grande dor pelos padres conciliares e pelo imperador Teodósio que lhe havia dado boas vindas à cidade, com demonstração de grande afeto: «te recebo como um filho que recebe o pai depois de muito tempo ausente». Sendo sempre muito humilde, Melécio conquistou a todos que o conheciam. São João Crisóstomo afirmava que seu nome era tão venerado que muitos habitantes de Antioquia escolhiam aquele nome para os filhos; gravavam suas imagens em selos e em vasilhas e esculpiam em suas casas. Todos os Padres do Concilio e os fiéis da cidade assistiram ao seu funeral em Constantinopla. Um dos prelados mais eminentes, São Gregório de Nissa, pronunciou a oração fúnebre que fazia referência ao doce e tranquilo olhar, ao radiante sorriso e às bondosas mãos que acompanhavam sua aprazível voz. Terminou a oração dizendo: «Agora que vês a Deus face a face, roga a Ele por nós e pelo seu povo». Cinco anos depois, São João Crisóstomo, a quem São Melécio tinha ordenado diácono, compilou e pronunciou um panegírico no dia 12 de fevereiro, dia de sua morte e de sua trasladação para Antioquia.

             SANTO ALEXIS 

Santo Alexis recebeu o nome de batismo de Eleutério. Era filho de um feudatário da cidade de Chernigov de nome Fedor Biakonta, de Moscou e teve como padrinho de batismo o Príncipe João Kalitá. Quando estava com 13 anos, sentiu um chamado especial de Deus. Um dia ele havia armado as redes para capturar pássaros e, de repente, ouvi uma voz que dizia: «Por que caças os pássaros, Alexis? Tu deves ser caçador de homens». O jovem Eleutério decidiu então dedicar sua vida a servir a Deus e foi consagrado monge no Monastério da Epifania, em Moscou, com o nome de Alexis. Lá, neste monastério, viveu por cerca de 20 anos, tornando-se conhecido por sua sabedoria e esforços espirituais. Para melhor compreender os escritos dos Padres da Igreja, aprendeu o idioma grego. O Metropolita Theognostos, de origem grega, estava precisando de um assistente russo para a direção da diocese e elegeu Alexis para o cargo. Durante 12 anos Alexis viveu na casa do Metropolita como seu assistente. Pouco antes da morte de Theognostos Alexis havia sido nomeado bispo de Vladimir. Após sua morte, no ano de 1353, foi eleito como seu sucessor. Santo Alexis dirigiu a Igreja numa época de muitos perigos, quando o poder do Grão-Duque, que governava Moscou, havia enfraquecido a ponto de ser ele mesmo governado por outros. Isso se deu na época do grão-duque João, o Vermelho, ficando ainda pior depois de sua morte, no ano de 1359. Como herdeiro do trono ficou Demétrio, com apenas oito anos de idade (mais tarde, herói de Don).
O príncipe de Susdal tornou-se o Grão-Duque. Santo Alexis, apesar dos esforços persuasivos do novo Grão-Duque para que ficasse longe de Moscou, lá permaneceu cuidando para que o jovem Demétrio, apesar de sua pouca idade, mantivesse a sua dignidade de Grão-Duque. Aconselhava o jovem Demétrio, apaziguava os príncipes feudais e, por vezes, valia-se de severas medidas. O Metropolita Alexis recebia a ajuda e colaboração de seu contemporâneo, o Santo e Venerável Sérgio, abade de Radonezh, que cumpria encargos do Metropolita. Ia ao Baixo Novgorod y Riazan para apaziguar os príncipes revoltosos. Preocupando-se com o bem da Igreja e da pátria, Santo Alexis viajou 3 vezes à Horda. A primeira vez,  como era a tradição naqueles tempos, logo após a sua posse como o Metropolita; a segunda, atendendo chamado do Kan Chanibek; A esposa do Kan Chanibek, Taidula, estava enferma há três anos, e já tinha perdido a visão. Entretanto, chegou à Horda o rumor da vida santa de Alexis.  O Kan Chanibek escreveu ao Grão-Duque pedindo para que enviasse a Horda o santo Metropolita para que curasse Taidula. Do contrário, ameaçava devastar a terra russa. Náo houve, portanto, possibilidade de rejeição. O Santo confiou em Deus e foi apoiado por um sinal alentador: enquanto oficiava o Te Deum na Catedral diante do relicário do Metropolita Pedro, ficou preso, de repente, a uma vela. Ao chegar em Horda, o Metropolita Alexis celebrou um Te Deum pela recuperação das Taidula, e quando era aspergida e com água benta, recuperou de repente sua visão. Para lembrar este milagre, foi construído o Monastério do Milagre, localizado no Kremlin, na terra que foi presenteada por  Taidula. Depois que retornou de Horda, o Santo Metropolita teve ainda de viajar para lá por 3 vezes novamente. O novo Kan Berdibek exigia dos príncipes russos um aumento de tributos, pois preparava uma guerra contra a terra russa. Com a ajuda de Taidula, Santo Alexis acalmou a fúria do Kan Berdibek, chegando até mesmo a receber o selo que confirmava os direitos da Igreja e do clero. Antes de sua morte, que aconteceu em 12 de fevereiro de 1378, Santo Alexis teve o consolo de ver reafirmado o trono do Grão-Ducado de Moscou e da Rússia a caminho da libertação do duro e multissecular jugo dos tártaros.

FONTES: LAROUSSE
http://ecclesia.com.br/sinaxarion/?p=3362


            SANTO ANTÃO







Santo Antão é também conhecido por “Santo Antônio do Egito”, “Santo Antônio, o Grande”, “Santo Antônio Abade”, ou ainda “Santo Antão, o Eremita”. Ele é considerado como o fundador do monaquismo cristão.
Segundo Santo Atanásio, sobre quem falaremos mais adiante, Antão nasceu no Egito, no ano 251, num lugarejo chamado Coma, hoje Qemans, província de Beni Suef, na margem ocidental do Rio Nilo, e faleceu no ano 356, portanto, com 105 anos.

O Egito é um País quente, onde chove pouco, e ali na região onde viviam os pais de Antão, a única fonte d’água existente era o Rio Nilo. A prosperidade ou a penúria dos lavradores do Egito dependiam do Nilo. E Antão viveu toda sua juventude dentro deste contexto. Como lavrador e criador, lutava com búfalos, com roda d’água, com agricultura.
Seus pais, egípcios de origem, eram ricos agricultores que cultivavam grande área de terras férteis, localizadas às margens do Rio Nilo.  Apesar de se falar muito da riqueza dos pais de Antão, Santo Atanásio, seu primeiro e principal biógrafo, apresenta-nos Antão como colono egípcio, praticamente iletrado, filho de pais abastados.  Talvez se fale muito na riqueza de seus pais para salientar mais ainda a grandeza de sua renúncia.


Os pais de Antão eram cristãos, apesar de viverem num País tradicionalmente politeísta, ou seja, onde o povo cultuava e adorava vários deuses falsos, sob forma de animal sagrado ou personagem divinizado.






Como cristãos, os pais de Antão procuravam educá-lo na doutrina de Cristo, e seguindo os seus ensinamentos. Estavam sempre atentos para que seus filhos, pois Antão tinha uma irmã, não se deixassem envolver pelos costumes religiosos egípcios, nem pelos ensinamentos filosóficos pagãos dos gregos. Tão preocupados estavam com a educação cristã de Antão e atentos para que nenhum hábito ou influência menos cristã viessem macular a pureza de sua fé, que nem sequer mandaram Antão à escola, surgindo daí a crença de alguns de que ele tenha crescido analfabeto.  Porém, esta suposição talvez não seja totalmente correta, pois ainda hoje existe uma carta autêntica de Antão, endereçada ao Abade Teodoro e seus monges.  Sabe-se também que Antão respondeu algumas cartas que lhe foram enviadas pelo Imperador Constantino, e também tomou a iniciativa de escrever várias outras ao Imperador, pedindo para que reconduzisse seu amigo, o Bispo Atanásio, à sede de sua Diocese, Alexandria.  Consta ainda que escreveu várias vezes a seu discípulo Hilarião, que vivia na Palestina, e ainda teria escrito várias cartas e sermões para jovens eremitas. A vida de Santo Antão, escrita por Santo Atanásio, também salva muitos de seus sermões e discursos, pronunciados durante suas duas estadas em Alexandria. Uma regra monástica datada daquela época é creditada como tendo os seus ideais, suas idEias e suas crenças.  É possível, no entanto, que ele tenha ditado suas cartas para um de seus discípulos escrever.

Em todo caso, é certo que Antão não se dedicou muito aos estudos.  Contentou-se em saber ler e escrever a língua materna, e não quis aprender a literatura grega, o que era comum aos jovens ricos de sua época, para evitar a influência de outros costumes e outras culturas na sua vida. 








Antão era um jovem de grande piedade. Enquanto outros jovens de sua idade divertiam-se a valer, Antão trabalhava no campo, ou ficava em casa e passava suas horas livres em piedosas orações e lendo as Sagradas Escrituras, que eram fonte inspiradora de sua vida, na imitação de Cristo.  Agradava-lhe a vida tranquila em casa, obediente aos pais e, sobretudo, aos sermões que escutava na Igreja, aos Domingos, cujas lições e princípios conservava no coração.  Herdara de seus pais uma fé incomum e uma obediência incondicional à lei de Deus.  Para Antão, a Lei de Deus não podia ser posta em discussão.  Também de seu pai ele aprendeu a rejeitar os prazeres enganosos que o mundo oferece.  A sabedoria de Antão não era fruto do saber humano nem de longos estudos, mas era um dom de Deus.  Sua bagagem espiritual e intelectual era resultado do que via e ouvia na Igreja, nos sermões do padre e nas leituras bíblicas.  Com a morte de seus pais, privado de suas orientações, ouvia atentamente na Igreja, as lições tiradas da Bíblia e as tomava como ordens de um Pai cuja autoridade considerava maior do que a do outro, que havia morrido. Como filho obediente que sempre fora, esforçava-se, cada vez com mais zelo, cada vez com mais rigor, por viver fielmente, de acordo com os ensinamentos de seu Pai Celestial.    
Durante sua infância, esforçava-se por ser fiel a seu pai da terra, mas agora, visto que ele havia morrido, via cada vez mais claramente que era seu dever ser mais fiel ainda a seu Pai do Céu e tornar-se digno da graça de Deus, lutando por atingir um alto grau de perfeição.
Quando os pais do jovem Antão morreram, ele estava completando seus dezoito ou dezenove anos.




Quando Antão tinha 18 ou 19 anos, um acontecimento veio modificar toda sua vida. No ano 270, em rápida sucessão, morreram os seus pais, e ele ficou em companhia da única irmã que tinha. Não sabemos o nome da irmã de Antão, que era mais jovem do que ele. Tudo o que era de seu pai, pertencia agora ao jovem Antão e sua irmã, pois herdaram os bens da família. Portanto, econo­micamente ficara em boa situação. Moralmente também, pois, de seus pais herdara uma boa educação cristã, e agora, como chefe da pe­quena família, aparecia diante da comunidade com uma vida moralmente correta e de economia sólida, apesar de sua pouca idade. Queria continuar a tradição familiar, por isso procurava administrar bem tudo o que o pai lhe deixara em he­rança, aumentando sempre mais o seu patrimônio, sem esque­cer a prática da fé, fruto da boa educação cristã que recebera.


O pai de Antão tinha vivido uma adesão incondicional aos Mandamentos de Deus e havia transmitido a seu filho esta sua obediência e piedade inatas.










Certa vez, seis meses depois da morte de seus pais, du­rante a Missa dominical, que Antão jamais perdia, escutou a lei­tura daquela passagem do Evangelho em que Nosso Senhor aconselhou um determinado jovem que desejava atingir a vida perfeita, a desapegar-se de todos os bens terrenos, dar tudo aos pobres e depois seguir a Jesus (Mt 19,16-22). Terminada a leitura do Evangelho, Antão se sentiu chamado. Começou então a refletir como tinham os Apóstolos abandonado tudo para seguir Jesus e como aqueles dos quais se fala nos Atos, 4,34-35, vendiam seus bens e levavam o produto aos pés dos Apóstolos, para ser repartido com os necessitados… Não precisou mais na­da. Deus lhe falava clara e diretamente pela leitura bíblica que escutara. O que ele acabava de ouvir eram ordens de seu Pai. E as ordens de seu Pai do Céu, Antão não discutia. Levantou-se, deixou a Igreja, vendeu suas terras e seus rebanhos, colocou sua irmã numa casa de senhoras piedosas, espécie de con­vento que abrigava jovens e senhoras que também queriam de­dicar sua vida a Deus, assegurando-lhe os meios necessários para seu sustento, depois distribuiu aos pobres da aldeia todo o dinheiro que lhe restava e cuidou em realizar seu ideal de po­breza absoluta e solidão.



Antão estava convencido de que as palavras que Cristo dissera ao moço rico da Galiléia, aplicavam-se a ele, o jovem ri­co de Coma, e por isso ele não duvidou em desembaraçar-se logo de tudo o que possuía e fazer-se pobre, voluntariamente, para toda a vida. Da noite para o dia o rico jovem de Coma tornara-se po­bre. Seu pão cotidiano não estava mais garantido. A partir de agora, ia enfrentar todas as privações da pobreza.

O jovem Antão, que viveu no século III depois de Cristo, cumpriu à risca, sem pensar duas vezes, a exortação dirigida, tanto tempo antes, ao jovem da Galiléia: decidiu aceitar o desafio que Deus Ihe fazia e viver sua vida de acordo com o conselho de Jesus ao jovem rico da Galiléia.

Na época em que Antão resolveu levar vida de eremita, havia no Egito enormes sepulcros abandonados, que eram co­mo cavernas que podiam até oferecer um abrigo a quem não tivesse onde morar.  Nesta primeira etapa de vida solitária, Antão escolheu um desses sepulcros, dos mais afastados da cidade, e lá se recolheu, depois de pedir a um de seus amigos que, de tempos em tempos, não esquecesse de levar-lhe pão. Nessa ca­verna ele foi alvo das maiores e mais terríveis tentações do de­mônio, de tal maneira que não é possível falar da vida de Antão sem mencionar as tentações de todo tipo que perturbaram sua solidão no deserto.



Quando Antão se recolheu em uma daquelas tumbas, seu amigo fechou a entrada por fora, e assim ficou dentro, sozinho. Certa vez o demônio o açoitou tão implacavelmente que ficou lançado no chão, sem fala, pela dor. Afirmava que a dor era tão forte que os golpes não podiam ter sido infligidos por homem algum, para causar semelhante tormento. Pela Providência de Deus – porque o Senhor não abandona os que nele esperam – seu amigo chegou no dia seguinte trazendo-lhe pão. Quando abriu a porta e o viu atirado no chão, como morto, levantou-o e o levou até a Igreja da aldeia e o depositou sobre o solo. Muitos de seus parentes e da gente da aldeia sentaram-se em volta de Antão como para velar um cadáver. Mas, pela meia-noite, Antão recobrou os sentidos e despertou. Quando viu que todos estavam dormindo e o seu amigo se achava acordado, fez-lhe sinais para que se aproximasse e pediu-lhe que o levantasse e levasse de novo para os sepulcros, sem despertar ninguém. 

O homem levou-o de volta, a porta foi trancada como antes e de novo ficou dentro, sozinho. Pelos golpes recebidos, estava demasiado fraco para manter-se de pé; orava então, estendido no solo. Terminada sua oração, gritou: “Aqui estou eu, Antão, que não me acovardei com teus golpes, e ainda que mais me dês, nada me separará do amor de Cristo” (Rm 8,35). E começou a cantar: “Se um exército se acampar contra mim, meu coração não temerá” (Sl 26,3). As forças do mal lançaram contra ele todo seu poder para fazê-lo desistir.  Antão sustentou uma luta corpo a corpo com os espíritos do mal.  Com a graça e o poder de Deus, o jovem egípcio foi o vencedor. A cada tentação, po­rém, a cada ataque, Antão respondia com penitência mais rigo­rosa. Durante aproximadamente 16 anos foi terrivelmente tentado. Sabia que Deus estava com ele, porém não sentia, não experimentava a sua presença.  O tentador se apre­sentava ora sob forma humana, ora sob forma de animais e fe­ras: eram belas e sedutoras jovens que se apresentavam diante dele, oferecendo-lhe seus carinhos, e dispostas a satisfazer os seus desejos, fazendo lembrar as que ele conhecera quando ainda vivia na aldeia. Porém, Antão continuava firme e com mais rigor castigava o corpo, seguindo os conselhos do velho amigo. Tendo aprendido nas Escrituras quão diversos são os enganos do maligno (Ef 6,11), praticou seriamente a vida ascética e resolveu acostumar-se a um modo mais austero de vida. Mortificou seu corpo sempre mais, e o sujeitou, para não acontecer que, tendo vencido numa ocasião, perdesse em outra. O demônio, não O demônio, não satisfeito com o procedimento de Antão, arre­messava-se contra ele, e o atacava disfarçado em animais sil­vestres furiosos. Antão mal escapava com vida, porém, não de­sistia.


Por fim, depois de muitas lutas, tentações, sofrimentos, Antão teve uma visão confortadora. Numa de suas lutas para se libertar de uma investida do tentador, de re­pente, viu-se cercado por um glorioso esplendor de luz radiante, que descia no meio das trevas do túmulo.  Erguendo os olhos, viu o teto abrir-se aparentemente e, de súbito, ele foi atingido por aquele raio de luz. As tentações cessaram, como se os demô­nios sumissem apavorados, as dores desapareceram. Logo Antão compreendeu que naquele raio de luz estava o seu Sal­vador que vinha libertá-lo. E, àquela altura, já calmo e cheio de paz, perguntou: “Onde estáveis vós, Senhor meu Jesus?  Por que não viestes mais cedo para me ajudar?”  E uma voz, saindo da luz, respondeu: “Eu estava aqui mesmo, Antão, perto de ti, todo o tempo.  Eu estava a teu lado e vi a tua luta, mas quis contemplar a tua coragem, e desde que enfrentaste com bravu­ra o teu inimigo, sempre haverei de proteger-te, e tu serás famo­so em toda a terra”. Ouvindo isto, Antão levantou-se, orou e ficou tão fortalecido que sentiu seu corpo mais vigoroso que antes. Tinha por aquele tempo uns trinta e cinco anos de idade.



De fato, Antão ficou famoso pelos terríveis combates que travou contra o demônio e pelas grandes penitências que se impôs a si mesmo, a fim de vencer aqueles combates e, com justiça, ficou conhecido como o Santo da Renúncia.

FONTE: http://danielnerib.wordpress.com/category/santo-antao/
LAROUSSE
LELLO UNIVERSAL

       SANTO  AGOBARDO


Arcebispo de Lyon (814).
Nasceu em Espanha, por volta de 779 e faleceu em Lyon, em 840.
Apoioi Lotário e seus irmãos na sua revolta contra Luis I, o Piedodo ( 833).




        SANTO  AGOSTINHO




Doutor da Igreja Latina ( Tagasta, hoje Souq-Ahras, Argélia, 354 - Hipona, Numídia, 430).
Romano da África, Agostinho permaneceu muito tepo alheio a Igreja, embora fosse filho de Santa Mônica, buscando nos prazeres carnais e nas seduções do maniqueísmo uma resposta à sua inquietude.

Convertido em Milão sob a influência do bispo Ambrósio, aí foi batizado em 387 e voltou à África, onde se desfez de seus bens para promover, com alguns companheiros, uma forma de vida cenobítica, experiência que manteve como bispo e que lhe permitiu elaborar, para uso dos religiosos, aquela que seria chamada a regra de Santo Agostinho.

Ordenado padre contra a sua vontade, depois eleito bispo de Hipona ( 396), cidade onde morreu durante o cerco dos vândalos, Agostinho exerceu papel preponderante na Igreja do Ocidente.
Em sua imensa obra escrita, destacam-se:
-A Cidade de Deus ( 413-427)
-As Confissões ( 397) e sua correspondência pessoal.
Adversário das doutrinas heterodoxas( maniqueísmo, donatismo, pelagianismo), Agostinho foi um pregador incansável ( 400 sermões autênticos) e ao mesmo tempo exegeta e teólogo. Seu pensamento está centrado em dois pontos essenciais: Deus e o destino do homem.

Os grandes temas agostinianos ( conhecimento e amor, memória e presença, sabedoria) dominaram a teologia ocidental até a escolástica tomística.




               


                             
                         
No caso de São Cristóvão é mais conhecida a lenda do que a

 sua história verdadeira. Vou narrar  aqui, em primeiro lugar

 a lenda, tal como nos veio sendo contada por um escritor do

 século XIII, Iacopo da Varazze, dominicano e arcebispo  de 

Gênova.

Réprobo era o nome de São Cristóvão antes da sua conversão.

 Era um gigante jovem,de raça cananéia que, desejando servir

 ao senhor  mais poderoso do mundo, pôs-se um dia, a serviço

 de um rei riquíssimo e temido. Não se passou muito tempo,

 porém, e o moço percebeu que alguém, realmente, seu amo

 receava: toda vez que, na sua corte, era mencionado o nome 

do diabo o rei empalidecia e se amendrontava. Resolveu então

ir procurar o demônio. Assim que o encontrou , o jovem 

entrou ao seu serviço; mas não transcorreu muito tempo e eis

 que Réprobo notou que também o demônio temia alguém,

 porque, quando seu cortejo de cavaleiros encontrava com 

uma cruz à frente, o demônio logo empalidecia e se assustava

 todo.

Réprobo compreendeu que o diabo não era o senhor mais

 poderoso do mundo. Abandonou também o segundo patrão e

 foi em busca de um ermitão, para saber o que lhe convinha

 fazer a fim de encontrar esse senhor poderoso.

Mas, como ele não se sentia com ânimo de enfrentar a vida de

 sacrifícios que o outro lhe propôs, o ermitão indicou-lhe um

 rio próximo ao local, que corria lamacento e tumultuoso, e

 aconselhou ao jovem gigante a que  ficasse nas margens para

 transportar de um lado para outro os viajantes que 

desejassem atravessar as águas impetuosas.




E eis que, um dia, enquanto repousava em sua choupana,

 ouviu que o chamavam. Saiu logo, mas não viu ninguém.

 Voltou a deitar-se, mas por uma segunda vez, ouviu que o

 chamavam e isso aconteceu por três vezes. Réprobo, então,

 saiu novamente e viu, à margem do rio, um menino de poucos

 anos, que, com voz gentil, pediu-lhe para ser levado ao outro

 lado da torrente. O gigante empunhou seu cajado, pôs o

 menino às costas e coemçou a atravessar as águas em 

redemoinho. à medida que avançava, o menino ia ficando

 cada vez mais pesado, tão pesado que a muito custo

 conseguiram chegar à outra margem.




O menino, que era Jesus Cristo, dirigiu-se à Réprobo e

chamand0-0 pelo nome de Cristóvão, revelhou-lhe a sua

 identidade e para confirmar o que dizia, ordenou-lhe que

 plantasse o seu cajado a margem do rio, porque, na manhã

 seguinte, ele iria encontrá-lo florido. Réprobo assim o fez, e

 no dia seguinte o cajado estava repleto de folhas e tâmaras.

Diante do milagre, tendo compreendido que se encontrara

 com o Senhor, passou ao serviço Dele, batizando-se,

 recebendo o nome de Cristóvão e foi viver entre os pagãos, a

 fim de pregar e cantar louvores a Deus.


VERDADEIRO...

Segundo  estudiosos,Réprobo foi batizado com o nome de

Cristóvão de São Babila, bispo de Antioquia. Também é

verdade que ele, depois de convertido, entregou-se á

pregação e que, em nome de sua fé sofreu o martírio.

Pelos documentos antigos, sabe-se que Cristóvão, agora

convertido, peregrinou por longo tempo entre os gentios

 até que chegou um  dia, a uma grande cidade, onde

converteu e batizou muitas pessoas. Nesse interim, a

 noticia de sua chegada  foi até o rei Dagno, governante

da cidade, o qual, desconfiado, ordenou que lhe

 trouxessem Cristóvão preso. Seguiram duzentos soldados

 mas ficaram tão convictos ante as palavras dele que não

 ousaram acorrentar o santo. Irritado, Dagno enviou

 outros duzentos homens,  os quais o conduziram até o

rei. Foi interrogado longamente, o rei tentando exortá-lo

a cultuar os deuses pagãos. Cristóvão, firme em sua fé,

não quis obedecer-lhe e cantou hinos ao Senhor.

Dagno ordenou que o encarcerassem. O rei mandou 

levantar uma imensa fogueira na praça principal e 

Cristóvão foi obrigado e entrar nela, mas nada aconteceu 

com ele. Dagno ordenou então que o trespassassem com 

dardos, mas o santo saiu ileso. E, uma das flechas acertou

o olho do próprio rei.Cristóvão, movido por divina 

inspiração, disse ao rei que aguardasse a sua morte e 

depois banhasse o seu olho no seu sangue, que ficaria

 curado. Morreu então Cristóvão, com a cabeça decepada 

por um golpe de cimitarra e Dagno, imediatamente, fez o 

que o santo havia lhe prometido. Imediatamente, o rei 

recuperou a visão e se converteu, assim como toda a

cidade.







O intento de dar o máximo de veracidade aos acontecimentos

ocorridos, faz com que,frequentemente, as notícias biográficas


sobre os primeiros mártires do Cristianismo se tivessem aos


poucos enriquecido, através dos séculos, através de episódios


fantásticos. Este fenômeno não é exclusividade dos mártires e


dos santos, mas também dos " condottieri" dos reis, dos grandes


homens do passado.


E quando se verifica esta alteração da verdade histórica,

 compreende-se como se torna difícil a tarefa dos estudiosos.


Eles devem rever os documentos mais antigos, os quais estão


mais próximos da realidade histórica, confrontar as notícias 


colhidas, discutí-las e procurar compreender até que ponto


o escritor tenha sido sincero; e por vezes, mesmo depois desse


dificil trabalho que requer, acima de tudo, um ótimo


  conhecimento de idiomas antigos, muitos pontos ainda


 permanecem totalmente obscuros.


Referindo-se ao caso de São Cristóvão, isso acontece nos

registros de sua vida, santo e mártir, já nos antigos e obscuros


martirológicos do Ocidente e que passou a ser venerado no dia


25 de junho.


No caso desse santo, deve-se notar que é mais conhecida a


lenda do que a realidade, de maneira que a lenda se transformou


mais em realidade.


O escritor do século XIII, Iacop da Varazze, dominicano e


 arcebispo de Gênova, animado por uma profunda devoção 


pelos santos testemunhos da Igreja, compilou uma coletânea


de biografias de santos, seguindo a ordem com que figuram no


calendário. Escrita em latim. essa antologia recebeu o nome de LEGENDA AURE e figurou entre os livros mais lidos da Idade Média.

Embora, por aquilo que concerne  à pregação e ao martírio do santo, Iacopo se reportasse, ainda que com algum exagêro  , aos documentos mais antigos e mais fidedignos, ele não hesitou em recolher uma lenda surgida talvez nas regiões do Danúbio, cerca do século XI, quanto à vida de São Cristóvão, antes de sua conversão ao Cristianismo.
No ponto em que acontece a sua conversão, a Legenda Aurea, de Iacopo da varazze se entrelaça com variações mais ou enos fantásticas e antigos documentos que, todavia, não respeitam a veradde dos fatos, de modo que ficou dificil reconstruir, com veracidade, os acontecimentos.
Antes de tudo, como no século XVIII os padres Bolandistas haviam definitivamente mostrado, Cristóvão foi, sim, um jovem cananeu, que viveu no século III, mas não era um gigante, como quer a tradição; provavelmente esta crença nasceu de traduções erradas dos textos antigos que, na verdade, falam somente de um jovem bàrbaró, de majestoso aspecto.Não é esta, aliás, a primeira vez que uma errônea interpretação de textos antigos tenha levado à conclusões peregrinas; basta, de fato, pensar que, na antiga tradição oriental e particularmente na Grécia, Cristóvão, frequentemente, tem sido apresentado com uma cabeça canina e daí  apresentar-se a hipótese de que isso tenha ocorrido por uma errada tradução da palavra " CANANEU",que muito se assemelha ao correspondente grego " CÃO".
É de acreditar-se, enfim, que toda a lenda tenha surgido pelo próprio nome do santo, pois Cristóvão é a derivação do grego KRISTOFOROS, KRISTON ( CRISTO)  e FOROS( CONDUZO). Tomou-se ao pé da letra aquilo que, ao invés, o nome desejava indicar apenas simbolicamente, isto é, que o neófito conduzia a palavra de Cristo por entre os povos pagãos.

Podemos compreender como é dificil estabelecer a veracidade desta narrativa, todavia, ela nos dá por certo que Cristóvão sofreu o martírio e que, efetivamente digno de seu nome, propagou a fé cristã por entre os gentios. Não se sabe exatamente qual foi a cidade onde se desenrolou o fato, se em Samos, na Síria, em Samon ou em Lícia. Quanto ao rei Dagno, é provável que tal nome queira indicar Décio, Juiz em 249.
Eça de Queirós, em LENDAS DE SANTOS, descreve de maneira bem diferente a origem de São cristóvão. Vejamos como lhe narra o nascimento;
"Entrou. Sobre o catre, a sua companheira jazia imóvel, branca como o leçol, já composto e liso, que a cobria. E, diante do lume que estalava, a moleira, abatida sobre uma tripeça, sustentava no colo o menino, estendido num pano branco...Mas o pobre lenhador, que estendera os braços, como se ante ele se abrissem as portas do céu - recuou espavorido. O seu filho era um monstro! Escuro, coberto de uma pele rugosa e áspera, com uma face vaga, informe, onde as feições faziam várias protuberâncias nodosas; as mãos enormes enclavinhadas sobre o ventre felpudo; torto das pernas, que findavam em dois pés agudos, como os de um fauno - todo ele parecia uma raiz sombria, raiz de uma árvore estranha, ainda negra da terra negra de que fora arrancada. E nem gemia. era como o rudimento de um ser vegetal!
Duas lágrimas amargas e lentas rolaram pela barba do bom lenhador. Deu um passo para a beira do catre. Na face branca, e como morta, da sua companheira, duas lágrimas corriam também, como amargura de um sonho desfeito.
Como aquele ser informe decerto ia morrer, o próprio pai, aterrado e chorando, o batizou e lhe deu o nome de Cristóvão".

Vejamos, agora, como lhe descreve a morte:

" Já se sentia tão fraco como uma criança que levava aos ombros. e parou, sem poder, no topo do monte. Era o fim: um grande sol nascia, banhava toda a terra em luz. Cristóvão pousou o menino no chão, e caiu de lado, estendendo as mãos. Ia morrer. Mas sentiu as grossas mãos presas nas do menino - então entreabriu os olhos e, no esplendor incomparável, reconheceu Jesus, Nosso Senhor, pequenino como quando nasceu no curral, que, docemente, através da manhã clara, o ia levando para o céu."


FONTE:
ENCICLOPÉDIA TROPICAL
DOCUMENTÁRIO 231.

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           SANTO  ALBERTO  MAGNO





Vários pensadores da ordem religiosa dos dominicanos deixaram contribuições relevantes no âmbito da escolástica, como foi o caso de Santo Alberto Magno.é importante conhecermos a obra de Santo Alberto Magno ( 1200?- 1280), 0 primeiro dominicano a ganhar notoriedade como filósifo e teólogo. Considerado o santo padroeiro das ciências naturais, Alberto Magno procurou adaptar  as teorias de Aristóteles à filosofia cristã e  recuperou para a cultura ocidental os estudos científicos do mestre ateniense.

Especulando sobre como atingir o conhecimento da verdade, Alberto Magno procurou demonstrar que se podia alcançá-la tanto por meio da revelação e da fé quanto por meio da filosofia e da ciência, sem contradições. Embora houvesse mistérios acessíveis somente à fé, alguns aspectos da doutrina cristã, como a imortalidade da alma, podiam ser compreendidos também pela razão, segundo o pensador. A importância dada à razão de viver viria a ser uma das principais características da filosofia de seu mais notável discípulo, São Tomas de Aquino.
Seus estudos mais importantes foram sobre Aristóteles, aos quais acrescentou comentários e descriçõe de suas próprias observações e experiências nos campos da bioloogia, da astronomia e da matemática. Suas obras completas foram reunidas numa edição de 21 volumes publicada em Lyon, na França, e reeditada em Paris séculos depois.



As obras de Alberto Magno foram escritas quase ao mesmo tempo que a do seu discipulo Tomás de Aquino, dezoito anos mais jovem. Entre 1248 e 1254 escreveu sobre uma série de temas que fizeram com que suas obras dessa fase fossem identificadas como do período místico. Realizou então comentários às obras pseudodionísicas ( de um pensador que viveu no século VI, conhecido como seudo Dionisio) e à Ética a Nicômaco, em parceria com Tomás de Aquino.
As obras escritas entre 1254 e 1257 são chamadas do periodo filosófico ou aristotélico pois nelas Alberto Magno comenta as obras de Aristóteles. Os comentários feitos na forma de paráfrase, seguindo o texto capítulo por capítulo, sob os mesmos títulos, mas com palavras novas, sem citar Aristóteles. Conforme ele mesmo advertiu, fez também " digressões, a fim de submeter as dúvidas que se poderão oferecer e suprir certas lacunas que tem obscurecido a muitos espíritos o pensamento do filósofo ."
Alberto aproveitou também os resultados dos comentadores árabes, ainda que com grande cuidado. Além disso, introduziu seu pensamento próprio, ora acrescentando detalhes explicativos, ora adequando o pensamento de Aristóteles à fé cristã. Ows acréscimos e as correções de Santo Alberto Magno nem sempre representam uma evolução legítima do pe4nsamento aristotélico, pois muitas vezes foram feitos sob influência agostiniana. Por isso, seus comentários perdem para os de Tomás de Aquino, que foi mais meticuloso e coerente; entretanto, Tomás jamais chegaria tão longe nas suas exposições não fosse o trabalho preliminar de Alberto.
Alberto Magno dedicou-se ainda às ciências experimentais, algumas vezes retomando os resultados alcançados por Aristóteles e os pensadores antigos em geral; outras, anotando novas observações. Seu trabalho alcançou grande autoridade junto a seus contemporâneos. Até Roger Bacon, que não era um simpatizante de Santo Alberto, reconheceu, em OPERA: "Ele é citado nas escolas como se cita Aristóteles, Avicena, Averróis; vive ainda, e tem em vida uma autoridade que jamais um homem tem gozado em matéria de doutrina".
Em seu tempo, Alberto Magno foi quem mais desenvolveu a distinção entre as ciências ( particularmente entre teologia e filosofia)  e, ainda, entre a especulação filosófica e as ciências experimentais, investigação que seria levada adiante por seu discípulo Tomás de Aquino.
Sua doutrina teológica aceita as verdades baseadas na autoridade de Deus, que as revela. Por outro lado, a filosofia estabelece as verdades enquanto conhecidas pela luz natural da razão. Acredita, assim, em vias cognitivas específicamente distintas, autônomas e capazes de conduzir-se isoladamente4 dentro de suas esferas; como ciências, são corpos distintos com métodos e princípios próprios.

Para Alberto Magno filosofia tem valor em si mesma, pelos resultados positivos que oferece. É valiosa, mesmo para a teologia, porque a fundamenta e, sob certo ponto de vista, lhe esclarece conceitos; mas o pensador tratou com cuidado as provas apresentadas para temas da fé defendidas com argumentos da razão. Relativamente, poucas são as verdades para as quais existam argumentos a um tempo da revelação e da razão. Alberto admite que a existência de Deus e da alma espiritual pode ser provada por ambos os caminhos, o da razão e o da fé. Deus pode se manifestar tanto pelo milagre, impondo a fé, como pelas luzes da razão. Assim também a alma pode ser declarada espiritual pela revelação, como por resultado de especulação com base em suas funções intelectivas. Já não ocorreria o mesmo  com a Trindade das pessoas em Deus, que não se pode provar pela luz da razão.



" Mas as doutrinas teológicas não coicidem, nos seus princípios, com as da filosofia: a teologia fundamenta-se, não na razão, mas na revelação e na inspiração!"

                         Santo Alberto Magno


Fonte:
ENTRE A RAZÃO E A FÉ...capítulo nove
A CRISTIANIZAÇÃO DE ARISTÓTELES....p: 162/164

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